Filmagens contêm pontos cegos que não mostram cenas completas da confusão entre civis e federais
As imagens dos estabelecimentos comerciais solicitadas pela Polícia Federal para auxiliar nas investigações sobre o tiroteio entre policiais civis e federais, na semana passada, pouco contribuíram. Por ter diversos ´pontos cegos`, as filmagens não mostram a troca de tiros, mas apenas a movimentação no local. Enquanto isso, o clima de hostilidade entre as duas corporações se acentua. E as acusações mútuas também. A tensão chegou ao extremo e o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol/PE) vai solicitar à Procuradoria Regional da República o acompanhamento do Ministério Público nas investigações por não acreditar na imparcialidade da PF. Hoje à noite acontece a missa de 7º Dia do policial morto na ação, Jorge Washington Cavalcanti, na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem.
Por não mostrar a sequência completa do tiroteio nas filmagens, os peritos da PF tiveram de voltar à BR-232, no Curado, para fazer outra varredura no local, na última sexta-feira. O material recolhido, bem como as armas, carregadores, munições, além dos resíduos encontrados nas mãos de Jorge Washington foram encaminhados ontem para o Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília. Os laudos foram solicitados em caráter emergencial e deverão ser entregues em até 20 dias. Na tarde de hoje, o corregedor-geral da SDS, Paulo Jean, responsável pelo inquérito administrativo, vai ao Cotel ouvir o traficante Wagner Alves, o estopim de toda a confusão. Ainda hoje, o corregedor também deverá ouvir o motoboy que teria visto a troca de tiros.
Segundo fontes, os policiais civis estão alegando agora que na hora do tiroteio, Wagner Alves estava no banco da frente do táxi, ao lado do motorista. Por acreditar que os civis eram os receptadores, os federais teriam descido do veículo segurando as armas e, então, eles reagiram. Na semana passada, os mesmos civis disseram que apenas teriam revidado aos disparos do policial federal morto. As informações, no entanto, foram desmentidas pelo agente federal Silvio Romero Moury Fernandes, baleado no tórax,que recebeu alta ontem. O depoimento dele aconteceu no hospital e, de acordo com ele, os civis chegaram atirando.
´Ele confirmou que os civis já desceram do carro atirando. Disse até que chegou a disparar também, mas só depois, quando saía do táxi correndo para se proteger, já baleado`, comentou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais, Marcelo Pires. O policial disse ainda que teria ido para a pista e gritado que era policial. Depois de convencer os civis, ainda pediu ajuda para socorrer o amigo ferido. ´Um deles ajudou a colocar o policial no táxi, mas o veículo estava com o pneu furado. E, em seguida, voltou para o Gol e foi embora junto com os outros`. Segundo ele, o procedimento padrão seria isolar a área, solicitar a perícia e o socorro imediato do ferido.
Apesar das contradições nos depoimentos, o presidente do Sinpol, Cláudio Marinho, admitiu que ´os civis atiraram por instinto de preservação da vida`. Ainda de acordo com ele, os depoimentos dos policiais e do motoboy garantem a isenção doscivis. Estavam marcados para ontem os depoimentos do delegado Civil Marcelo Ferraz e do agente Sérgio Luiz Bezerra. Até o momento foram ouvidos os três policiais civis que participaram da ação, os agentes federais, o taxista, os bombeiros que prestaram socorro e um caminhoneiro.
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