Fonte: Folha de Campo Grande
* Gilberto Verardo
Pesquisa publicada no ultimo dia 30 de julho2014 sobre a ^Opinião dos Policiais Brasileiros sobre as Reformas e Modernização da Segurança Publica^, promovida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Publica, Centro de Pesquisas Jurídicas Aplicadas da Fundação Getulio Vargas e Secretaria Nacional de Segurança Publica, quase passa despercebida e deixa uma interrogação. Como o assunto è tema estratégico para o bem estar coletivo, os candidatos têm uma grande oportunidade de mostrarem ao eleitorado > Por que, Como e Quando pretendem iniciar as Reformas e Modernização da Segurança Publica.
Há quem diga que as ultimas manifestações populares revelaram algo bem maior que o descontrole dos Black Bloc – Um Estado Policial que em nada combina com a modernidade do século XXI. Um grande paradoxo ideológico. A propagação diária sobre os Direitos Humanos e Fundamentais, acaba revelando uma liberdade controlada, ao privilegiar o direito individual bem mais do que o direito coletivo. Que o diga o Sr. Gilberto de Carvalho da Casa Civil com seu Projeto de Lei que quer regulamentar a participação da sociedade civil. Este tipo de coisa aumenta a confusão, a desorientação e a insegurança no exercício da cidadania, que tem na participação seu grande instrumento de reivindicação. Como diria o sociólogo polonês Zygmunt Bauman ^Jogar com os sentimentos de insegurança e os medos resultantes se torna hoje o principal veiculo de dominação política^.
^Não è a violência de poucos que me assusta, mas o silencio de muitos^. Martin Luther King.
Dos 21.101 policiais militares, civis, federais, bombeiros e peritos ouvidos em todos os estados pela pesquisa, 34,4% (um terço) afirmaram que pretendem sair da corporação ^assim que surgir outra oportunidade^, enquanto 55,1% disseram que planejam se aposentar onde trabalham atualmente. A maioria (63,5%) tem ensino superior completo ou especialização e grande parte (44,4%) trabalha em media oito horas por dia. São algumas das informações levantadas. Sobre o estado de saúde mental do contingente nacional, nada. Preocupante! Sobre a violência policial, nada. Preocupante!
Provavelmente, estes 34,4% devem ter menos de dez anos de carreira e pode contaminar outro tanto da corporação. E não è para menos. A relação entre a corporação e a população esta em crise. Isto quer dizer, baixo nível de cooperação, de aceitação, de confiança, enfim. A conseqüência para a saúde mental destes trabalhadores se torna emblemática, pois è na convivência social que se estabelece o respeito aos valores, a ética, o aprimoramento do caráter e a sensação de pertencimento. Com o distanciamento, ocorre um sentimento de rejeição. Aí, cada um age e reage de acordo com sua historia de vida na infância.
Sem ser partidário, è bom que se diga que no governo FHC se implantou a filosofia de Policia Comunitária, a qual patina até hoje. No governo Lula, possivelmente por sua sofrida experiência nas celas do DOPS, construiu um Estado Policial, segundo Romeu Tuma Junior no livro ^Assassinato de Reputações^. Possivelmente resultado da Síndrome de Estocomolo. (O refém se identifica com o algoz).
É bom que se diga que o eleitor brasileiro perdeu sua ingenuidade romântica. Aprendeu, com aflição, a separar o obvio do ululante. Portanto, a Verdade, Nada Mais que a Verdade deve ser dita ao sofrido eleitor brasileiro.
* Gilberto Verardo é Psicólogo, com especialização em Psicologia e Psicopatologia Forense
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