O deputado Roberto Jefferson (PTB), pivô da onda de escândalos na política nacional, disse nesta segunda-feira que o assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT), morto em janeiro de 2002, tem relação direta com os principais esquemas de corrupção descobertos no país no governo do PT, inclusive o mensalão. Celso Daniel foi seqüestrado quando voltava de um jantar numa Pajero dirigida pelo empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. O carro em que estavam foi interceptado e o político levado por marginais. Dois dias depois, o prefeito foi encontrado morto em uma estrada de terra em Juquitiba (SP).
“Você não tenha dúvida. Isso é uma estrutura de corrupção de caixa dois que sustentou um grupo de dirigentes do PT durante muito tempo”, afirmou Jefferson em entrevista, por telefone, à TV Alterosa, de Minas, do grupo Associados. O deputado, embora insistentemente questionado, preferiu não fazer maiores comentários sobre como seria, na prática, a relação entre assassinato de Celso Daniel e os casos de corrupção no governo petista.
Em novembro de 2003, o empresário Sérgio Gomes, o Sombra, foi indiciado acusado de ser o mandante do crime. De acordo com o MP, Sombra, que nega envolvimento no crime, ordenou a morte de Celso para evitar que o prefeito descobrisse um esquema de corrupção na prefeitura de Santo André, que envolvia membros do governo municipal e empresários do setor de transportes. A promotoria criminal de Santo André reabriu as investigações sobre o caso no mês passado, por causa da descoberta de um envelope dirigido a Celso Daniel contendo documentos contra o Sérgio Gomes.
O ex-presidente do PTB também afirmou na entrevista, que durou 28 minutos, que está pronto para uma acareação com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, contra quem fez novamente críticas duras, principalmente, em relação ao discurso proferido na Câmara dos Deputados na semana passada. No seu retorno ao Legislativo, o ex-ministro afirmou que há uma conspiração contra o governo Lula. “Quando o José Dirceu fez aquele discurso, ele quis usar o presidente que tem uma imagem limpa”, declarou Jefferson.
Questionado se apresentaria provas sobre o esquema do mensalão no depoimento marcado para esta quarta-feira na CPI dos Correios, Jefferson salientou que suas informações estão cada vez mais “amarradas” devido às investigações do Ministério Público e Polícia Federal, que, entre outras frentes, vem fazendo levantamentos das atividades e do envolvimento do suposto operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério, com José Dirceu, José Genoino e o tesoureiro do PT Delúbio Soares. “A pontas estão sendo amarradas. Com os cruzamentos do sigilos bancários e telefônicos, você vai ter claramente a comprovação do que digo”, afirmou.
“Cordialidade”
Jefferson garantiu que a relação cordial do PTB com o governo federal será mantida. “Nós queremos dar governabilidade ao presidente Lula. Vamos com ele até o final, sem participar do governo”, revelou. Segundo o deputado, todas as pessoas que foram indicadas por ele já pediram demissão do governo. A manutenção do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia (PTB), ressalvou Jefferson, é opção do presidente Lula, já que o ministro foi indicado por ele. Já a permanência no cargo do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, é defendida pela bancada do partido em Minas.
O deputado Roberto Jefferson, que sempre se apresentou como parceiro do prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani (PTB), negou que parte da contribuição de R$ 4 milhões que alega ter recebido da cúpula do PT tenha ido parar na campanha à prefeitura de Juiz de Fora.
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