O ofício que o repórter Amaury Ribeiro escolheu ainda é um trabalho arriscado. País ocupa a 75ª posição em um ranking de 168 nações onde há mais desrespeito à liberdade de imprensa Helena Mader Da Equipe do Correio Fazer jornalismo no Brasil é um ofício heróico e arriscado. A constatação é da organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras, que acompanha casos de morte, agressões e censura contra jornalistas em todo o mundo. O Brasil ocupa a 75ª posição em um ranking de 168 países onde há mais desrespeito à liberdade de imprensa. A Finlândia está em primeiro, como o local onde os repórteres têm melhores condições para trabalhar. Em último lugar está a Coréia do Norte, seguida pelo Turquemenistão e pela Eritréia. Os três países são classificados pela ONG como o “trio infernal da liberdade de expressão”. Até países como Kosovo, Israel e Namíbia estão à frente do Brasil no ranking. |
Reportagem comprometida com a paz Samanta Sallum Da equipe do Correio
Os desafios da cobertura jornalística em áreas dominadas pelo tráfico de drogas preocupam as redações dos grandes jornais brasileiros. A crescente onda de violência não permite omissão dos veículos de imprensa. A população pede, cobra que os jornalistas deixem seus computadores, saiam da internet, e partam rumo às trincheiras da notícia. Isso representa perigo, ousadia, mas é a missão a ser cumprida. Em junho passado a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) reuniu em São Paulo representantes dos principais veículos do país para discutir os caminhos da reportagem nas áreas conflagradas pela violência urbana. Todos chegaram à mesma conclusão: o noticiário de “insegurança” ganhará cada vez mais espaço e os repórteres não devem apenas mostrar a realidade, mas também oferecer conteúdo propositivo. E como os jornais do Distrito Federal, da capital da República, poderiam noticiar a guerra do tráfico no Rio de Janeiro e o PCC de São Paulo e fechar os olhos para as batalhas que acontecem aqui ao nosso lado, a uma hora de carro do centro do poder do país? O tráfico no Entorno é a nossa guerra, que fez centenas de vítimas, e tenta agora intimidar o trabalho jornalístico, mas que não impedirá que a missão continue. |
A voz da imprensa A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), entidade que luta pela liberdade de imprensa na América Latina, redigiu uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamando condições de segurança para o exercício profissional dos jornalistas brasileiros. No texto, a organização cobra a investigação e a punição para os que atentaram contra a vida do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Em entrevista ao Correio, o diretor da Comissão de Liberdade de Imprensa da SIP, Ricardo Trotti, afirmou que o crime organizado e o narcotráfico são uma das maiores ameaças ao exercício profissional dos jornalistas na América Latina. “A violência com que o crime tenta calar os jornalistas tem sido permanente”, afirmou Ricardo Trotti. O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo ( Abraji), Marcelo Beraba, também lamentou o atentado contra o repórter Amaury e afirmou que o episódio confirma a barbárie denunciada com muita coragem pelo jornalista nas páginas do Correio Braziliense. “O episódio mostra que o Estado perdeu o controle. Vivemos uma situação de extrema violência nas grandes cidades e periferias em função da falta de políticas públicas”, alerta Beraba, que como Amaury ajudou a fundar a Abraji. O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo Andrade, também reagiu “Temos que aumentar a rede que garante a saúde e a vida dos jornalistas”, alerta. “Fazer jornalismo é um trabalho que vai além de estar de terno e gravata na frente da câmera de televisão. Ser jornalista é estar na rua denunciando as situações extremas”, explica. A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, também repudiou a tentativa de homicídio contra Amaury . “Exigimos das autoridades imediata apuração do ocorrido, com punição exemplar dos responsáveis por mais esse atentado contra o exercício profissional”, diz o Sindicato em nota oficial. |
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