Marcelo Rocha
Da equipe do Correio
Agentes da Polícia Federal, a pedido da Polícia Civil do Distrito Federal, prenderam ontem à tarde mais uma pessoa envolvida com a quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas que agia na capital do país. O empresário José Carlos Romeiro Rodrigues foi localizado em condomínio de luxo de São Paulo. Ele é acusado pela Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Deco) de dar o apoio logístico aos brasilienses envolvidos no caso. Segundo os policiais do DF, Rodrigues fornecia, por exemplo, passagens aéreas para a Europa, emitidas com cartões clonados.
Romeiro, porém, ficou pouco tempo detido. Os policiais o libertaram no início da noite porque a 12ª Vara da Justiça Federal no DF havia revogado o mandado de prisão contra ele na quinta-feira da semana passada. O juiz Ronaldo Desterro determinou o recolhimento do documento porque foi expedido pela Justiça distrital — no caso a 4ª Vara de Entorpecentes de Brasília. O tráfico internacional de drogas é de competência do judiciário federal. A prisão do empresário, que trabalha com importação de vinhos, deixou, então, de ter o respaldo legal.
Assim que recebeu a notícia dos policiais federais, a direção da Polícia Civil enviou representante ao gabinete de Desterro, no Setor de Autarquias Sul, para explicar ao magistrado os detalhes da investigação policial que já dura mais de dois anos e que há quinze dias colocou atrás das grades sete pessoas – seis deles moradores de bairros nobres de Brasília –, acusadas de levar cocaína para o Brasil e trazer de lá ecstasy e outras drogas sintéticas. A pessoa não foi recebida pelo juiz.
Um dos coordenadores da operação que desarticulou a quadrilha tida como a principal fornecedora de ecstasy em Brasília, o delegado Celso Ferro prepara relatório sobre o caso para enviar ao juiz. “Durante o extenso trabalho investigativo, reunimos informações concretas sobre o envolvimento desse rapaz e dos demais no esquema”, lamentou o delegado, diretor da Divisão de Atividades Especiais (Depate) da Polícia Civil. O policial garantiu que a investigação prossegue.
Novas buscas
A revogação da prisão de José Romeiro na semana passada não foi a única. Ao analisar pedidos de liberdade provisória em favor de três acusados presos — todos negados —, o juiz Ronaldo Desterro determinou o recolhimento dos mandados de prisão expedidos pela 4ª Vara de Entorpecentes de Brasília e que ainda não haviam sido cumpridos. O chefe da Polícia Civil, Laerte Bessa, chegou a declarar em entrevista ao Correio que havia dez mandados nessa condição.
Ao analisar o processo e o parecer da Procuradoria Regional do Ministério Público no DF, o magistrado decretou apenas a prisão preventiva de Michelle Tocci, publicitário de 31 anos apontado pela polícia como líder da quadrilha. Tocci fugiu nas proximidades de Luziânia (GO), quando retornava de São Paulo de carro. A última informação que se tem dele é de que estaria tentando deixar o país pelo Maranhão. Ronaldo Desterro autorizou ainda a busca e apreensão de materiais, como agendas e computadores, que possam ajudar a desvendar as articulações do grupo e levar a outros suspeitos.
“Durante o extenso trabalho investigativo, reunimos informações concretas sobre o envolvimento desse rapaz e dos demais no esquema”
Celso Ferro, diretor da Divisão de Atividades Especiais (Depate) da Polícia Civil
Fonte: Correio Braziliense
Comments are closed.