Réu do mensalão foi preso em Minas na Operação Avalanche. Ele é suspeito de ligação com policiais para favorecer cervejaria.
A Justiça Federal decidiu prorrogar por mais cinco dias a prisão temporária de Marcos Valério, acusado de ser o articulador do esquema do mensalão e pelo qual está sendo processado no Supremo Tribunal Federal.
Ele foi preso na sexta (10), em Belo Horizonte (MG), na Operação Avalanche, por suspeita de ter atuado em uma negociação para corromper policiais federais e favorecer a Cervejaria Petrópolis, que produz a cerveja Itaipava. O prazo da prisão temporária, de cinco dias, venceria nesta terça-feira (14).
A juíza Paula Mantovani decidiu prorrogar também a prisão de Rogério Tolentino, sócio de Valério. A PF pediu que eles continuem presos para que possam ser interrogados novamente pois teriam sido ouvidos antes da análise do material apreendido na operação.
O advogado de Marcos Válério, Marcelo Leonardo, disse depois que tiver acesso ao teor do inquérito, às escutas e à decisão sobre a prorrogação das prisões irá decidir se entrará com algum pedido de liberdade para seu cliente.
Inquérito contra fiscais
Segundo a PF, os dois teriam intermediado encontros entre advogados e policiais federais para que fosse aberto um inquérito contra fiscais da receita que multaram a Cervejaria Petrópolis em R$ 104.540.220,00 por sonegação de impostos. A intenção, de acordo com a investigação, era prejudicar os fiscais.
Em depoimento, Valério negou as acusações. Disse que não conhece os policiais e que os advogados citados na investigação apenas foram indicados por ele para prestar assessoria jurídica à cervejaria. Em nota divulgada no dia em que a operação foi realizada, a cervejaria disse que não tem contrato de trabalho com Marcos Valério.
Na decisão, a juíza decidiu prorrogar a prisão de uma mulher presa na operação e determinou os outros presos que não tiveram prisão temporária prorrogada sejam libertados assim que o prazo vença, “independentemente de expedição de alvará de soltura”.
Operação Avalanche
Na operação, foram detidos empresários, despachantes aduaneiros, advogados, dois policiais civis e três federais da ativa, além de dois federais aposentados.
Treze pessoas foram presas
A Cervejaria Petrópolis informou que não tem “qualquer tipo de contrato de trabalho com o Sr. Marcos Valério Fernandes de Souza” e que não teve acesso ao inquérito. Leia abaixo a íntegra da nota.
Entenda o caso
De acordo com o superintendente da Polícia Federal
O primeiro núcleo, segundo Coimbra, começou a ser investigado no final do ano passado. Um policial federal e um policial civil recebiam informações de empresários que tinham problemas fiscais e os subornavam.
A partir disso, a PF teria chegado a um segundo grupo, que trabalhava na criação de empresas de aluguel para fraudar tributos referentes a exportações.
O terceiro núcleo é no qual aparecem Valério e Tolentino. Segundo a PF, os dois intermediaram encontros entre advogados e policiais federais para que fosse aberto um inquérito contra fiscais da receita que multaram a Cervejaria Petrópolis em R$ 104.540.220,00 por sonegação de impostos. A intenção, de acordo com a investigação, era prejudicar os fiscais.
Na casa de um dos advogados, a PF encontrou mais de R$ 500 mil, que seria utilizado para pagamento de propina a policiais federais.
O grupo pode responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, extorsão, formação de quadrilha, contrabando e descaminho, quebra de sigilo e divulgação de dados sigilosos.
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