SEGURANÇA
Lacerda leva assessores para a Abin
Novo chefe da Agência Brasileira de Inteligência assume cargo amanhã com a tarefa de dar credibilidade à instituição. Ex-diretores da Polícia Federal vão ocupar postos estratégicos no órgão
Edson Luiz
Da equipe do Correio
Paulo H. Carvalho/CB – 1/8/07 |
Paulo Lacerda (D) e Renato da Porciúncula (E), que acompanhará o ex-diretor da PF na Abin: promessa de Lula de que não haverá interferência |
Paulo Lacerda vai levar pelo menos parte de antigos assessores com quem trabalhou. Já estão confirmados na Abin os delegados Renato da Porciúncula, que foi diretor de Inteligência Policial da PF, Alciomar Hoesrst, que atuou na área de Logística da PF, e Ivo Valério, ex-chefe de gabinete de Lacerda. Poderão integrar a equipe, ainda, Getúlio Bezerra, seu ex-diretor de Combate ao Crime Organizado e Zulmar Pimentel, que foi o segundo homem da Polícia Federal na gestão passada. A intenção é utilizar, em outros postos, funcionários de carreira da Abin, uma corporação com pouco mais de 1.200 servidores, quase 10% do efetivo que Lacerda comandou na Polícia Federal.
O novo diretor da Abin, na sabatina a que foi submetido no Senado, na primeira semana de setembro, afirmou ter recebido a garantia do presidente Lula e do general Jorge Félix de que não haverá interferência em seu trabalho. Uma promessa feita pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, o que garantiu a permanência de Lacerda por quatro anos e oito meses à frente da PF, marca histórica dentro da instituição.
Escutas
Na Abin, Paulo Lacerda quer abrir a discussão sobre a possibilidade de a instituição utilizar escutas telefônicas, uma idéia que não o agrada, apesar de ressaltar a chance de uso em casos de sabotagem e terrorismo. No entanto, o novo diretor já declarou que não vai permitir os grampos clandestinos, como a Abin já foi acusada de fazer em outras épocas. No entanto, pretende trabalhar em conjunto com a Polícia Federal na área de inteligência.
“Uma das intenções é desmistificar a Abin. Tirar dela a imagem de uma agência de espionagem”, afirma uma pessoa ligada ao novo diretor da Agência. Segundo ele, o trabalho será feito com a ajuda dos próprios funcionários. “O novo diretor fez isso com a área de inteligência da Polícia Federal que, além de ter deixado de ser rotulada, ganhou mais credibilidade dentro da instituição. E isso que deve ser feito na Abin.”
Criada para assessorar o presidente da República em assuntos e segurança nacional, a Abin já viveu momentos de turbulência. O primeiro diretor na gestão de Lula, o delegado da Polícia Civil de São Paulo Mauro Marcelo foi demitido justamente por dar dor de cabeça ao presidente. Em troca de e-mails internos, ele chamou a CPI dos Correios de “picadeiro” e os integrantes da comissão de “bestas feras”.
para saber mais Origem na década de 20 A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é sucessora de serviços de informação que começaram a surgir na década de 20, quando a União criou seu primeiro órgão desta natureza. A finalidade era monitorar o tenentismo e grupos de operários. O governo se preocupava também com a quebra da bolsa de Nova York e era necessário acompanhar a evolução política e econômica do país, por meio de uma área voltada mais para a espionagem. Depois da Segunda Guerra Mundial, surgiu o Serviço Federal de Inteligência e Contra-Informações, que na década de 60 deu lugar ao Serviço Nacional de Informações (SNI), que passou a ser um dos mais temidos órgãos do governo militar. Com a redemocratização, o SNI foi substituído pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), que deu lugar, no governo Itamar Franco, à Subsecretaria de Inteligência. O presidente Fernando Henrique Cardoso criou a atual Abin, que continua com suas funções até hoje. Além de assessorar o presidente, define a Política Nacional de Inteligência. (EL) |
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