Ao discursar na abertura da 3ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as pessoas que, segundo ele, têm sede de antecipar a discussão eleitoral de 2006 e pediu uma reflexão sobre o momento político, alertando que os fundamentos da economia são sólidos e que o país não pode “jogar esse momento fora”. Lula citou dados como o crescimento econômico, o recorde da balança comercial, o superávit primário e a geração de empregos, mas em nenhum momento citou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que antecipou para esta tarde seu depoimento na Comissão de Assuntos e Econômicos (CAE) do Senado. O próprio Palocci esperava que Lula fizesse uma defesa veemente sua e da política econômica.
Lula disse que o Brasil vive o momento mais positivo de sua História desde o governo de Juscelino Kubitschek e que não pode desperdiçar a oportunidade de deixar de ser um país eternamente emergente. Lula disse ainda que “ano eleitoral sempre é um ano delicado no Brasil”.
– O Brasil sempre foi pensado de quatro em quatro anos, e não em 20 anos, e isso fica tão medíocre quanto os dirigentes que o dirigiram. Prestem atenção no momento político que vivemos. Precisamos refletir e muito sobre o que está acontecendo no Brasil. Não podemos permitir que o Brasil jogue fora essa oportunidade. Se analisarmos a combinação de fatores, estamos com uma base sólida e vai depender da sociedade brasileira definir exatamente o que queremos – disse Lula.
Em clara referência às divergências entre os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e Dilma Rousseff, Lula afirmou que é normal haver é normal haver debate interno, citando como exemplo a Lei de Biossegurança, cuja regulamentação está atrasada.
– Muita gente não compreende que o exercício da democracia é permitir que o debate entre as partes aconteça e se encontre o denominador comum – disse o presidente.
Em seguida, Lula falou da questão da discussão eleitoral:
– Vamos deixar a discussão político-eleitoral para mais tarde. Sei que tem gente com muita sede de discutir isso agora, só pensando nisso.
Apesar de pedir cautela diante do momento político vivido pelo país, Lula disse que a sociedade organizada tem que cobrar o governo cada vez mais.
– O Brasil precisa de cobrança. Posso até não gostar, mas jamais demonstrarei isso. Se não houver pressão, todo governo acha que é o melhor do mundo, mas a sociedade não é obrigada a se contentar com o que governo faz – disse o presidente.
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