Após declarar que o narcotráfico é hoje uma poderosa indústria com braço na política e no Judiciário, o presidente Lula anunciou ontem, em sua visita à região de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, medidas para combater o tráfico de drogas nos 11 estados que fazem divisa com países da América do Sul. Segundo ele, o governo brasileiro instalará, até o fim de 2010, 11 bases da PF e da Força Nacional de Segurança nas regiões de fronteira. Serão 45 policiais em cada unidade, com investimento de R$144 milhões até 2012, incluindo compra de helicópteros, barcos e armamento.
Ao lado do presidente paraguaio Fernando Lugo, Lula inaugurou um monumento na linha divisória entre os dois países. Cercados por atiradores de elite nos prédios, do lado paraguaio, os presidentes estiveram com o senador Robert Acevedo, vítima de atentado semana passada.
Mais tarde, no seminário que discutia a situação dos dois países, Lula prometeu a construção de nova ponte ligando o Paraná ao Paraguai e afirmou que o BNDES analisa financiar a criação de linha de transmissão de energia, produzida na Usina de Itaipu. No evento, indagado sobre a falta de iniciativa do Brasil para resolver o problema do narcotráfico, uma vez que drogas e armas continuam passando de um país para o outro, Lula disse:
– O narcotráfico não é mais uma microempresa de tráfico de droga e de armas, apenas. É uma indústria poderosa com braço na política, na indústria, no Parlamento e no Judiciário. A indústria do narcotráfico é uma multinacional poderosa. Caso contrário, os Estados Unidos e os países da Europa já tinham conseguido banir.
O Brasil tem hoje 16 mil quilômetros de fronteira seca. Só em Mato Grosso do Sul, uma das principais portas de entrada de drogas e contrabando, são mais de 700 quilômetros.
– Disseram que eu era louco de vir para cá. Não sou louco. O único jeito de combater esse narcotráfico é estando de corpo presente – disse Lula.
– É hora de uma luta frontal contra toda essa ilegalidade, violência e tráfico de droga – endossou Lugo.
O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, disse que foi iniciada campanha para que países do bloco permitam a expedição de mandados de captura sem interferência do país onde está o foragido.
– São muitos os trâmites, e a burocracia impede trazer um criminoso de volta ao país para pagar pela sua pena. Estamos em negociação com países do Mercosul para tentar melhorar essa situação.
Comments are closed.