A Superintendência da Polícia Federal já afastou, remanejou ou transferiu mais de 100 policiais, servidores e funcionários terceirizados. Aproximadamente a metade é de delegados titulares e adjuntos das 20 delegacias especializadas e núcleos de investigação instalados no Rio de Janeiro. Há quatro meses sob correição extraordinária (auditoria interna), a Polícia Federal do Rio vive a maior crise da história desde que ocupa o prédio da Praça Mauá.
Em nota oficial, a instituição admitiu as mudanças, mas disse que estavam previstas há três meses: ''Elas foram postergadas devido à viagem do superintendente regional à Alemanha''. Segundo a assessoria de imprensa, ''as relotações em curso dos cargos de confiança do superintendente atingem aproximadamente 80% das principais chefias''.
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, reuniu-se, ontem à tarde, em Brasília, com o superintendente José Milton Rodrigues. Há 16 dias, a situação foi agravada com o roubo de R$ 2 milhões em notas de euro, dólar e real apreendidos na Operação Caravelas. Nesse período, José Milton Rodrigues representava o Brasil no Congresso da Interpol, em Berlim.
O inquérito que apura o arrombamento da sala-cofre da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e o roubo do dinheiro indica que dois agentes federais – já identificados por impressões digitais e escutas telefônicas – são suspeitos de terem participado do furto. A linha de investigação que apontava para a hipótese das notas não terem sido levadas para a sala-cofre está pelo delegado Marcos Cotrim.
Em Goiás, sete dos 11 detidos na Operação Caravelas já foram interrogados. O delegado Márcio Nunes, responsável pelo inquérito, estima que até sexta-feira deverá enviar os depoimentos à 11ª Vara Federal Criminal de Goiânia. A expectativa é de que Rodrigo Palhinhos, filho do empresário José Palhinhos, participe da delação premiada, em troca de obter a liberdade ou a redução da pena. Rodrigo e seu pai são acusados de participar do tráfico internacional de drogas e evasão de divisas com o apoio de doleiros.
Os 1.200 dossiês sobre pessoas e empresas do Rio suspeitas de evasão de divisas e lavagem de dinheiro chegam hoje. Segundo policiais, entre as celebridades e empresários citados estão a apresentadora Xuxa Meneghel, o jogador Romário e o banqueiro Daniel Dantas. As investigações indicam que cerca de US$ 1 bilhão foram remetidos ao exterior, entre 1999 e 2002, por mais de 3.500 pessoas e instituições em oito estados brasileiros.
Além do Rio de Janeiro, mais sete estados também investigam as operações financeiras feitas por doleiros contratados por brasileiros na Beacon Hill Service Corporation, empresa fechada em 2003 sob a acusação de ser uma das maiores lavanderias de dinheiro dos EUA.
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