Aline Matheus – Sindifisco Nacional
O presidente do Sindifisco Nacional, Pedro Delarue, recebeu a equipe de reportagem do Correio Braziliense, na segunda-feira (9/7), para comprovar que os números apresentados pelo Governo em relação ao custo do reajuste dos servidores federais não batem com os números apresentados pelo próprio Ministério do Planejamento.
Delarue mostrou que em 2011, os gastos do Governo com os servidores civis correspondiam a R$ 111 bilhões e não aos R$ 197 bilhões divulgados recentemente. Segundo cálculos do Governo, para conceder o reajuste de 22% pleiteado pelo conjunto dos servidores seriam necessários R$ 60 bilhões, o que é uma inverdade, já que aplicando o mesmo percentual ao real valor gasto com os servidores (R$ 111 bilhões), chega-se ao montante de R$ R$ 24,5 bilhões, bem distante dos R$ 60 bilhões divulgados.
O sindicalista também demonstrou que o percentual do PIB (Produto Interno Bruto) empregado na remuneração dos servidores caiu de 1,7% no governo Fernando Henrique Cardoso para 1,1%, atualmente. “De acordo com matéria divulgada pelo Valor Econômico, para manter o mesmo percentual em 2012 o Governo tem R$ 20 bilhões para implementar os reajustes. Ou seja, sai muito mais barato conceder reajustes mesmo lineares do que partir para a queda de braço”, avaliou.
Delarue explicou que os Auditores-Fiscais reivindicam reajuste de 30,18% já que a última recomposição salarial aconteceu em 2008. No entanto, o percentual acordado à época foi parcelado em três anos e, desde 2010, os vencimentos da Classe estão congelados.
Para ele, a postura assumida pelo Governo demonstra que na gestão do presidente Luís Inácio Lula da Silva havia uma maior preocupação com a valorização dos servidores público o que não acontece atualmente. Questionado se a postura da presidente Dilma Rousseff não reflete a crise internacional, o presidente do Sindifisco relembrou que em 2009 também havia crise e que chegou-se a discutir a possibilidade de não pagamento da última parcela do reajuste. “Na época, os acordos foram honrados, e a situação financeira do Brasil melhorou”, afirmou.
Delarue ressaltou ainda que o fortalecimento do mercado interno tem sido essencial para que o Brasil enfrente a crise. “Para fortalecer o mercado interno, tem que desonerar e, para isso, tem que correr atrás dos sonegadores. Não há como negar que os Auditores têm um papel fundamental no enfrentamento da crise”, defendeu.
Por fim, o sindicalista fez um balanço da mobilização dos Auditores-Fiscais. Ele destacou que em virtude da operação-padrão uma fila de 2000 caminhões aguarda liberação no porto seco de Foz do Iguaçu, sem falar nas retenções de mercadorias em portos e aeroportos de todo o país. E, no que diz respeito à operação crédito zero, a estimativa de Delarue é que ao longo de um mês o Governo deixe de arrecadar cerca de R$ 4,5 bilhões o que corresponde a 5,77% da arrecadação federal.
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