Quando um colega de trabalho morre, perdemos parte de nós mesmos, não só porque são nossos irmãos na profissão, mas também devido à forma como eles se tornaram entrelaçados com a nossa própria identidade.
A Polícia Federal, diferentemente dos demais organismos policiais existentes no mundo, é insensível à morte dos colegas que tombaram no exercício da profissão, cumprindo a promessa de defendê-la, celebrada ao final do curso de formação na Academia.
“Juro, pela minha honra, que envidarei todos os meus esforços no cumprimento dos deveres do policial federal, exercendo minha função com probidade e denodo e, se necessário, com o sacrifício da própria vida” .
Comboio policial, salva de tiros e discursos sensibilizados à beira do túmulo fazem parte do ritual de despedida promovido pelos organismos policiais, na última homenagem para aqueles que perderam a vida defendendo os pilares da instituição.
Nada disso, no entanto, é afeto ao Departamento de Polícia Federal. A família do policial, em quase a totalidade das vezes, recebe apenas o conforto dos colegas de trabalho e a solidariedade dos sindicatos e associações.
E o que dizer das investigações para apurar a morte dos colegas? Até hoje, 67 anos se passaram desde a sua criação, e a Polícia Federal não dispõe de um setor especializado nesse tipo de investigação. Tudo fica a cargo da Polícia Civil dos estados, que nem sempre tem o mesmo interesse e não dispõe da mesma motivação e recursos que teria uma equipe de policiais federais.
Precisamos mudar esta situação. Precisamos mostrar à sociedade que temos sim condições de promover uma investigação mais apurada, como forma de levar os culpados aos tribunais. Precisamos de uma Polícia Federal compromissada com os interesses dos seus servidores!
Não basta apenas compartilhar a dor com a família. É preciso fazer muito mais. Se não pudermos ficar à frente das investigações, que sejamos então coadjuvantes, oferecendo o suporte necessário e adequado ao apuratório.
Não só o luto deve permanecer em nós após a perda de um colega, vitimado pela violência urbana. Sejamos solidário, demos o ombro, choremos juntos! Mas precisamos seguir com a vontade de esclarecer a ação criminosa, até como homenagem ao colega, uma forma de retribuir uma vida inteira de trabalho em benefício da instituição.
E que esta apuração não se restrinja ao pessoal da ativa. A gente sabe que o policial quando se aposenta fica meio esquecido pelo órgão. Tem um pouco de importância enquanto está fazendo alguma coisa para a instituição, investigando, cumprindo missões. Depois que se aposenta, não é lembrado por mais nenhuma autoridade.
É hora de mudanças! Chega de descaso e abandono! Qualquer um servidor está sujeito à violência urbana do cotidiano e ninguém está livre de passar por uma tragédia no exercício da profissão. Quando o DPF vai realmente propor uma gestão de pessoal voltada para a valorização de seus servidores?
Fonte: Agência Sindipol/DF
Comments are closed.