Fonte: O Estado de São Paulo
Presidente reúne ministros, afirma que não reduzirá despesas sociais e que seu governo é “padrão Felipão”
Na primeira reunião ministerial do ano, a presidente Dilma Rousseff disse que não fará demagogia para cortar gastos. Sem citar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), ela afirmou que não reduzirá a equipe de 39 ministros. “Não farei demagogia de cortar gastas que não ocupo, mas vou cortar gastos e também vou tentar olhar onde e em que setor é possível fazer isso”, disse. “Cortar Bolsa Família jamais.” Na semana passada, Alckmin anunciou medidas para reduzir despesas. “O povo, nas ruas, não pediu redução de direito social e o meu governo não fará isso”, disse Dilma. “O meu governo é padrão Felipão”, afirmou, numa referência à vitória da seleção. A presidente também reafirmou a permanência da equipe econômica. Dilma vai sugerir hoje ao Congresso que o plebiscito sobre reforma política aborde o custeio das campanhas e o tipo devoto. O TSE avalia procedimentos e prazos.
Na primeira reunião ministerial do ano, em meio a uma onda de protestos no País e forte queda de popularidade, a presidente Dilma Rousseff reiterou ontem que é preciso aumentar investimentos em mobilidade urbana, saúde e educação – demandas das ruas -, mas disse que não fará demagogia para cortar gastos públicos e não apresentou nenhuma proposta concreta para reduzir despesas.
Mesmo sem citar diretamente o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a presidente Dilma deu uma alfinetada no tucano ao afirmar que não reduzirá sua equipe. O governador anunciou na semana passada um corte de custeio da ordem de R$ 350 milhões e extinguiu uma das 26 secretarias.
“Eu não farei demagogia de cortar gastos que não ocupo, mas eu vou cortar gastos e também vou tentar olhar onde e em que setor é possível fazer isso”, argumentou Dilma. “Cortar Bolsa Família jamais. Não esperem de mim reduzir gasto social. Não há hipótese disso.”
Questionada diretamente sobre a demanda das ruas por mais gastos em setores públicos estratégicos e de onde a União tiraria esses recursos, Dilma afirmou que “esse é o dilema que existe todos os dias numa administração pública”. “Basta ser eleito presidente, governador ou prefeito para lidar com o seguinte: tem que fazer o melhor possível com dinheiro do seu orçamento. Temos que priorizar, mas não há hipótese de reduzir qualquer gasto social do País”, enfatizou.
A presidente insinuou que a saída é um investimento coletivo da União, Estados e municípios. “O povo nas ruas não pediu redução de gasto social”, insistiu a presidente.
A oposição tem criticado Dilma por propor um plebiscito para impulsionar a reforma política sem antes se debruçar numa reforma administrativa e, por exemplo, reduzir o número de ministérios – hoje são 39 – nem reduzir outras despesas de custeio da máquina pública.
Padrão Felipão. “O povo, nas ruas, não pediu redução de direito social e o meu governo não fará isso”, insistiu a presidente. “O meu governo é padrão Felipão”, completou, numa referência à vitória da seleção brasileira na Copa das Confederações.
Dilma defendeu “tarifa única” para ônibus, metrôs e trens metropolitano e lembrou que a política de desoneração do governo abateu, em média, RS 0,22 no preço das passagens do transporte coletivo. Assim como fez na reunião com sindicalistas, ela disse não haver “tarifa zero” para transporte coletivo. Afirmou que “tudo sai do nosso bolso”. “Todo subsídio sai da população. Ou a população paga como contribuinte, por meio de impostos, ou como consumidora de um serviço”, disse ela.
Afável com os jornalistas, após cair 21 pontos na pesquisa Datafolha divulgada no sábado, Dilma mostrou outro estilo ao interromper a reunião ministerial: ela prometeu dar mais entrevistas e ser mais comunicativa. Não era costume da presidente falar com os jornalistas nesses encontros.
Além do Datafolha, pesquisas qualitativas que chegaram ao Planalto, recentemente, também mostraram insatisfação de várias camadas da população com o governo, principalmente por parte da juventude.
Acelerar. A presidente disse que cobrará mais rapidez por parte de todos os ministérios para execução de projetos em andamento. “É um processo de aceleração.” Na prática, Dilma quer que todos as pastas apresentem uma agenda positiva. Ela também prometeu reforçar o diálogo e a interlocução com os movimentos sociais, com os partidos e com o Congresso, em busca de um pacto por melhores serviços públicos. Depois de conversar com governadores, prefeitos, parlamentares, líderes sindicais e representantes de movimentos sociais, Dilma receberá empresários.
Presidente se recusa a comentar quedas nas pesquisas
Eu nunca comentei pesquisa, nem em cima, nem embaixo. É um retrato do momento e a gente tem de respeitar. Eu recebo pesquisa pelo valor de face”, disse a presidente Dilma Rousseff ontem ao ser questionada sobre as quedas de 27 pontos porcentuais de popularidade e de 21 pontos na intenção de voto, medidas pelo Datafolha no fim de semana.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, por sua vez, disse ter ficado “lisonjeado” com o índice de 15% das intenções de voto que alcançou num dos cenários do mesmo levantamento. Na semana passada, Barbosa defendeu a possibilidade de candidaturas avulsas, sem necessidade de filiação a partidos. O ministro aparece no Datafolha com 15%, empatado com Aécio Neves (PSDB) e atrás de Marina Silva (sem partido) e de Dilma, que, mesmo com os recuos, lidera a corrida presidencial.
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