Caros colegas. Vou voltar ao tema do meu texto pretérito, publicado no sitio do SINDIPOL/DF e na FENAPEF, que apresentou alguns dados matemáticos/estatísticos sobre o aumento do êxodo dentro de DPF. Correndo o risco de me tornar repetitivo, vou colacionar os parágrafos que dissertaram sobre a citada evasão, posteriormente apresentando algumas considerações e, desde já, pedindo as devidas desculpas aos colegas pelo “repeteco”:
“Nosso Órgão está doente. Precisa urgentemente de um Belerofonte para estinguir com a Quimera que assola seus corredores. Dramática, mexicana, piegas, quase um MI-
vacâncias/ exoner. APF/EPF/PPF | vacâncias/exoner. AADM | |
94/2002 | 266 | 88 |
03/06 | 401 | 258 |
· dados colhidos no Histórico do efetivo e déficit do DPF
Apenas passando os olhos constatamos um aumento substancial no êxodo dos servidores do DPF. A perda de efetivo de 9 anos (base 94-02) foi superada facilmente em menos da metade do tempo (03-06). Apenas quatro anos. Isso tem como causas a falta de perspectiva dos servidores que ocupam tais cargos, aliada à melhor estrutura e visão de futuro de outras Instituições Públicas e Empresas Privadas que estão, cada vez mais, cooptando os servidores do DPF para integrar seus quadros. Senhores gestores; não se vive apenas de orgulho por trabalhar em um órgão. Almeja-se reconhecimento efetivo (não só tapinha nas costas), crescimento na carreira, qualidade de vida, capacitação (que rima muito bem com remuneração). Idéias não faltam. Onde está o convênio com uma Instituição financeira para adquirir casa própria, onde estão as diárias e o auxílio alimentação condizentes, o fomento à capacitação, as indenizações cartorária e de locais inóspitos, dentre outros? Acordem antes que seja tarde. Os dados estão aí.
Vou um pouco mais além. O concurso de 2004 ofereceu 1880 vagas para o Cargo de APF e 710 para o de EPF. Vamos à matemática, por mais que isso possa causar algum arrepio:
– Em 2004, portanto antes do ingresso dos novos servidores, haviam 5061 APF’s e 1394 EPF’s;
– O concurso ofereceu 1880 vagas para APF e 710 para EPF;
– Matematicamente então deveríamos ter hoje, nos quadros do DPF: 6941 APF’s e 2104 EPF’s;
– Mas, de acordo com estatística do DPF, publicada no mês de fev/2008, temos 6233 APF’s (contando com os 56 cedidos) e 1753 EPF’s (também contando com 11 cedidos);
– DEDUÇÃO: podemos afirmar que saíram dos quadros do DPF, de jan/2005 até fev/2008 aproximadamente 708 APF’s e 351 EPF’s. Digo aproximadamente porque não sei quantos candidatos estão na academia neste momento, então, para ser exato, deveria subtrair o número de candidatos que tomarão posse do numerário deficitário acima.”
Vamos às devidas explicações: A matéria teve uma repercussão que considero superior ao que esperava. Isso é bom. O efeito desejado, qual seja, levar aos corredores do DPF discussão sobre a insatisfação e conseqüente fuga dos quadros do Departamento foi alcançado e suplantado.
Não obstante, vários colegas, ocupantes dos mais variados cargos do nosso Órgão, me questionaram sobre os reais fundamentos dos números apresentados, com boas críticas (as chamadas construtivas, pois as demais servem apenas para nos fortalecer) e contra-argumentações que me fizeram refletir e buscar um maior embasamento para sustentar minhas afirmações e deduções da estatística outrora apresentada. Uma em especial me deixou com a famosa “pulga atrás da orelha”. Aí vai:
A argumentação mais forte que me apresentaram foi a da existência de grande migração entre os cargos dentro do próprio Departamento, devido ao edital mal elaborado do último certame de ingresso de servidores Policiais. Realmente os colegas têm razão na argumentação. “Dou a mão à palmatória.” Mas considero que o número de servidores que alternaram os cargos não é suficiente para influenciar de modo imperioso no aumento do numerário apresentado. Teve reflexo sim, mas pequeno, não refletindo nos números de maneira absoluta.
Na busca de dados para sustentar as deduções anteriormente apresentadas, tive acesso a pesquisas que agora apresentarei e que, tenho absoluta convicção, embasam com firmeza esse aumento no número de exonerações/vacâncias/aposentadorias precoces no nosso Órgão.
O serviço de psicologia do DPF, em novembro de 2006, apresentou uma pesquisa sob o tema “clima organizacional”. Colacionarei os dez pontos que considero mais alarmantes, sendo o último deles retirado de recente pesquisa
1- 88,21% dos APF’s e EPF’s consideram que não dispõem dos materiais e equipamentos que precisam para trabalhar ou só os têm raramente.
2- 63,08% afirmam que nunca ou quase nunca são incentivados à prática esportiva e não são fornecidos os insumos necessários e, pasmem, 82,21% afirmam o mesmo sobre o treinamento de tiro.
3- 64,36% não consideram adequados (ou quase nunca adequados) os critérios utilizados para participação em viagens e 67,95% têm o mesmo sentimento no tocante à participação em treinamentos.
4- 72,82% dos Agentes e Escrivães desaprovam o sistema de avaliação utilizado atualmente.
5- 84,11% consideram que o plano de saúde oferecido pelo DPF não atende às suas necessidades e 69,48% constataram a inexistência ou quase inexistência de um serviço de acompanhamento psicossocial.
6- O pesquisador, em dado momento de sua análise assim descreve a situação das doenças encontradas com mais freqüência entre APF’s e EPF’s; “mostraram índices alarmantes de doenças ocupacionais ocorrendo por todo país. A lista abaixo mostra a percentagem das doenças observadas pelos 390 respondentes: estresse 90,26; alcoolismo 74,87; depressão 38,46; suicídio 20,77; síndrome do pânico 19,74; LER 40,26; infarto 24,36; uso de drogas
7- No tocante à cultura organizacional então, os índices são absurdos, tendo o pesquisador, inclusive, colacionado algumas opiniões em sua dissertação. Dentre variadas estatísticas, as que mais chamaram minha atenção foram: 78,46% afirmam que a escolha da chefia nunca ou quase nunca é baseada na competência e capacitação e 83,33% acha inadequado o critério utilizado para escolha das chefias e,
8- 72,82% afirmam que os gestores do DPF não têm interesse no bem estar de seus servidores e 82,56% afirmam que as normas são sempre ou quase sempre aplicadas de maneira desigual.
9- Para terminar, 60,76% nunca ou quase nunca se sentem valorizados.
Para acrescentar mais um dado, tenho ciência de que mais de 50% dos EPF’s de São Paulo têm alto grau de estresse (dado coletado em recente pesquisa feita naquela Unidade). Entenda-se alto grau como o de necessário acompanhamento médico e/ou psicológico. Acrescento, reafirmando, que este dado não consta da pesquisa de clima organizacional, mas sim de outra, feita recentemente no DPF.
Diante dos dados/fatos acima delineados, tenho duas certezas: 1) que não escrevi nada levianamente, minhas conclusões têm o devido embasamento e 2) que o Departamento precisa urgentemente tomar atitude, valorizar seu servidor e não apenas fazer concessões para uns em detrimento dos demais.
Esta última afirmação necessita urgentemente ser levada a sério com muita celeridade, pois ainda resta esperança nos corações de nossos servidores. E não faço tal afirmação sem a devida comprovação. Na mesma pesquisa de novembro/2006, chama atenção que 44,87% estão orgulhosos com o trabalho do Departamento, 42,56% estão satisfeitos em trabalhar no DPF e 52,56% estão satisfeitos com a escolha profissional feita, bem como quase o mesmo índice (51,79%) pretendem estar nos quadros do DPF daqui a cinco anos.
Com essas considerações acho que fica claro que os motivos pelos quais o êxodo no DPF aumentou não são apenas “reflexo de um concurso mal conduzido” ou “padrões normais de exoneração/vacância dentro de um Órgão Público”. Os dados estão aí. Presume-se que nossos Gestores têm conhecimento (ou deveriam ter) de dados tão contundentes e, em alguns pontos assustadores. O fio de esperança ainda existe, mas é tênue, perene, visto aumento do êxodo já demonstrado. Vou ser sucinto na minha conclusão: ACORDA DPF!!!!
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