O número de armas apreendidas com criminosos cresceu 191% este ano, em relação a todo o ano passado. As estatísticas da Polícia Federal (PF) – atualizadas em setembro – derrubam um dos principais argumentos dos que defendem o voto ''não'' no referendo sobre a proibição do comércio de armas, dia 23. A campanha do ''não'' sustenta que o governo vai desarmar cidadãos de bem e manter bandidos armados.
Até setembro, foram apreendidas em todo o país 63.940 armas, contra 21.900 em todo o ano passado. São armamentos tomados do crime organizado, durante operações policiais, em buscas e apreensões, e até de pessoas que portavam armas sem autorização.
As autoridades da PF acreditam que até o fim do ano os números vão crescer ainda mais, pois há várias operações em curso. O aumento brusco do crescimento se deve ao enfrentamento das quadrilhas pelas polícias e a maior precisão das informações do Sistema Nacional de Armas (Sinarm), que agora centraliza os dados sobre armamentos.
Estas apreensões não incluem as armas recolhidas pela campanha do desarmamento. Mais de 450 mil armas foram entregues à polícia, em troca de indenizações. Para a PF, as armas de fogo recolhidas e as apreendidas tiveram grande influência na redução de mortes por conflitos envolvendo armas. Em 12 meses de campanha, a redução do número de mortos por armas ultrapassa 3 mil.
O recolhimento recorde de armas de fogo teria tido influência direta na redução de armas furtadas.
Pelo balanço da PF, foram furtadas ou perdidas, este ano, 7,2 mil armas até setembro. Durante o ano passado, foram furtadas ou perdidas 11,5 mil. Em 2003, quando não havia campanha do desarmamento, foram furtadas ou dadas como perdidas 29,6 mil armas.
Para as autoridades policiais que trabalham com o controle de armamentos, o recolhimento recorde dificulta o acesso dos bandidos a armas guardadas pelos cidadãos.
Por outro lado, os delegados do Sinarm acreditam que o preço de um revólver 38 poderá aumentar até dez vezes se a população votar pela proibição da comercialização de armas. Um revólver sem registro calibre 38, que nas feiras livres é encontrado por até R$ 250, poderia atingir a marca dos R$ 2,5 mil. Pela nova legislação, o tráfico de armas é punido com penas de três a oito anos de prisão.
– No Japão, onde é proibido o comércio de armas, uma pistola custa até 10 mil dólares. Nossa expectativa é que as armas fiquem realmente muito caras e mais inacessíveis – diz este delegado.
Dentro da PF, outra expectativa é a de que o referendo do próximo dia 23 tenha maior influência no mercado de armas para as classes média e alta. Segundo um delegado, uma pessoa pobre já não consegue ter acesso fácil a armas. Além de ter de pagar entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil por um revólver, o usuário é obrigado a desembolsar mais R$ 1 mil pelo porte de armas, R$ 300 para o registro da arma e mais dinheiro para teste psicológico.
– A votação é para saber se os ricos vão poder comprar armas. Para o pobre, já está muito difícil – diz o delegado.
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