Carlos Vieira/CB |
Mauro César, presidente do sindicato dos delegados, diante de uma pilha de processos em umas das 28 DPs do DF: “Parou tudo. Só atendemos flagrantes” |
Com isso, os delegados, que aderiram ao movimento na noite de segunda-feira, ameaçam registrar apenas os casos mais graves, como assassinatos, estupros, tráfico de drogas, seqüestros e tortura. Ladrões presos em flagrantes, por furto ou roubo, seriam soltos. Já os agentes pretendem realizar um protesto semelhante ao de uma semana atrás, quando pararam os carros oficiais com sirenes ligadas em frente ao Palácio do Planalto. Assessores do presidente consideraram o gesto uma afronta ao Poder Executivo.
Os grevistas prometem mais transtornos para a população a partir de hoje: eles vão impedir as visitas nos cinco presídios do Distrito Federal, onde 7,5 mil pessoas estão presas. As visitas ocorrem todas as quartas e quintas-feiras. A medida deve causar ansiedade e insatisfação entre os presos e, conseqüentemente, clima de instabilidade no presídios. O trâmite de processos na Justiça também pode começar a ser prejudicado. Como os delegados cruzaram os braços, os inquéritos policiais referentes à investigações concluídas ou em andamento estão todos parados nas delegacias.
Data limite
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Wellington de Souza, afirmou que a categoria está cada vez mais desconfiada das promessas do governo federal. A MP que concede o reajuste precisa ser assinada até sexta-feira, data limite para concessão reajustes, por causa do ano eleitoral. Se o presidente não assinar o documento até 30 de junho, aumento só no ano que vem. “Não entendemos porque tanta demora. A MP aguarda a assinatura desde fevereiro”, comentou Wellington.
Ele afirmou que a comissão que representa a categoria não consegue ser recebida por alguém “de peso” da Casa Civil da Presidência da República. “Na semana passada, fomos recebidos por um funcionário de quinto escalão que não sabia nada sobre o assunto”, afirmou o sindicalista. Souza disse que os policiais não pretendem prejudicar mais ainda a população, até mesmo porque o serviços prestados já estão no limite. “A idéia é fazer manifestações parra arranhar a imagem do governo federal. Podemos, inclusive, repetir o ato feito em frente ao Palácio do Planalto”, disse. Na última segunda-feira, a governadora Maria de Lourdes Abadia criticou o protesto e o secretário de Segurança Pública, Athos Costa de Faria, classificou o ato como “precipitado”.
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