Fonte: Agência Sindipol/DF
José Gomes Monteiro Neto. Se você não sabe quem ele é, deveria se informar melhor. Ele era o policial federal que estava ao lado da presidente Dilma, apresentando o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) ontem, dia 13.
Sua imagem esteve nos telejornais do horário nobre, ilustrou sites e percorreu o mundo. José Gomes estava à frente da apresentação do CICC pela sua capacidade de colocar lado a lado, trabalhando ombreados, diversos órgãos da administração pública, costurando uma miríade de competências, contornando a burocracia nacional e aproveitando o melhor que cada instituição poderia oferecer neste enorme desafio que é fazer a segurança de um megaevento.
Apenas Monteiro, como é conhecido pelos colegas policiais, era apto para implementar tamanha façanha no Brasil. Ele ocupa o cargo por conta de sua competência, de suas habilidades, de sua sólida formação e em razão de seu esforço pessoal.
No entanto, curiosamente, mesmo com aptidão para fazer uma operação grandiosa como essa, Monteiro jamais chegará a um cargo diretivo no Departamento de Polícia Federal. Monteiro é um Escrivão.
Ser Escrivão, Agente, Papiloscopista ou fazer parte da carreira administrativa do DPF hoje é como uma sina, uma maldição. Você nunca irá lugar nenhum, não ocupará jamais qualquer cargo de comando. Enquanto isso, os delegados parecem portar um dom “divino e natural” de chefiar. Mesmo inexperientes na carreira, eles estarão chefiando de tudo: da Direção-Executiva à Tecnologia da Informação, da Corregedoria ao Comando de Operações Táticas, da Direção-Geral à Aviação Operacional.
Não custa lembrar que, a despeito do EPF Monteiro estar apresentando um trabalho que ele coordenou, na frieza do DOU o chefe da SGE do MJ ainda é um delegado e pediu sua exoneração da função para, depois de um mês, ser levado novamente ao cargo em uma estranha portaria de efeito retroativo. Antes deste, outro delegado já tentara sem sucesso chefiar a importante Secretaria, mas também não “segurou o rojão” e pediu pra sair.
O que queremos com este texto é fazer um alerta: o DPF hoje é chefiado exclusivamente por delegados, o que não significa ser chefiado com competência e de forma igualitária. Nem todos os delegados estão preparados para os desafios do Brasil atual e não terão base para enfrentar o futuro, não na forma que se construiu o Departamento. A Segurança Pública tem sido um ponto muito frágil dentro da história moderna do país e as mudanças precisam acontecer já. O abismo já existente dentro da Polícia Federal só aumenta a cada dia e projetos de leis, como PLC 132, só o intensificará no dia a dia das investigações.
Há muito mais para além desta “muralha” de delegados que se estende diante de seus olhos. As investigações no Brasil são sustentadas nos ombros de centenas de “Monteiros”, que esperam por reconhecimento, por valorização e por uma meritocracia. É preciso uma mudança imediata para equalizar as forças e lutar por um País mais justo, seguro e honesto.
Diretoria Sindipol/DF
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