Fonte: Sindipol/DF
Por meio das recentes manifestações, o Brasil expressou seu cansaço diante da péssima qualidade dos serviços públicos. Educação, saúde, segurança, transporte, saneamento, justiça: todos esses setores se mostram precários.
Em paralelo, o país sobe no ranking de países ricos e prósperos, os impostos e inflação consomem 77% do salário dos brasileiros. Riquezas brotam no solo brasileiro, mas esse dinheiro parece não ser suficiente para melhorar os serviços públicos do país. Não é o bastante ou é desviado?
Dos quase R$ 1 trilhão* arrecadados em impostos apenas neste ano, cerca de R$ 400 billhões** foram desviados. Índice beira 50% do dinheiro que poderia ser investido em escolas, hospitais, saneamento, transporte, etc. Além disso, o governo federal gastou quase R$ 30 bilhões com grandes eventos internacionais, para mascarar a real situação das cidades brasileiras. Sobretudo, os gastos com viagens, passagens, aluguéis de apartamentos funcionais, campanhas, etc, são desvios “legais”.
Todos esses gastos e descaso com a população seriam evitados se os crimes contra o dinheiro publico fossem investigados e punidos. Mas o Governo vem demonstrando interesse em investigar a corrupção, para prestar um serviço público de qualidade?
A Polícia Federal é responsável pelas principais investigações de corrupção no país. No entanto, o cenário da corporação dificulta a realização dessas investigações.
O completo descaso em sanar os problemas de estrutura dentro da Polícia Federal mostra o descompromisso com a segurança pública. Atualmente, as investigações mostram uma grande queda de efetividade – em especial, operações contra corrupção -, agentes federais sofrem com assédio moral, falta de estrutura e reconhecimento. Cerca de 200 policiais trocam a Polícia Federal por outros cargos públicos a cada ano. Este êxodo gera prejuízo aos cofres públicos e à corporação. A decisão de abandonar o órgão deve-se às arrastadas negociações com o Governo Federal iniciadas em 2011. Ao comparar o tratamento dispensado a outras carreiras que não oferecem risco à vida e que possuem melhor remuneração, o policial decide virar as costas para a vocação e procurar o melhor para sua família.
Apenas 2% das drogas que circulam pelo território nacional são apreendidas, de acordo com relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União em 2012. Menos de 1.500 policiais federais protegem os 16.888 km de fronteira do país. Além disso, a “infraestrutura física e de equipamentos disponíveis para os policiais federais lotados nas fronteiras está aquém das necessidades mínimas para realização do combate ao tráfico de drogas de forma eficiente e segura”.
Nos aeroportos, profissionais terceirizados verificam quem entra e sai do país. Só neste ano, dez procurados pela Interpol foram encontrados no país. Como eles entraram? Quem faz a segurança do país?
Suprimindo a legitimidade da PF e sucateado a corporação, o Governo quer realmente combater a corrupção? Qual o interesse em enfraquecer quem combate esse crime?
* Impostômetro
** Corruptômetro
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