Operação termina sem que policiais descubram o paradeiro da maior parte do dinheiro roubado do Banco Central em Fortaleza, em agosto de 2005
A Polícia Federal decretou ontem o fim das investigações do furto ao caixa-forte do Banco Central (BC) em Fortaleza sem desvendar o paradeiro de R$ 110 milhões dos R$ 164 milhões levados pela quadrilha. O roubo – o maior da história do país – ocorreu em agosto de 2005. Em pouco mais de três anos de apuração, a PF desvendou a participação de 122 pessoas. Do grupo central, composto por 36 bandidos que planejaram, executaram e repartiram o dinheiro, 26 foram presas, quatro morreram, quatro estão foragidas e duas não tiveram a identidade descoberta pelos policiais.
De acordo com o balanço da Operação Toupeira, como foi batizada a investigação, a PF recuperou R$ 20 milhões
Após retirar o dinheiro, por um túnel de 89m cavado a partir de um imóvel alugado próximo ao banco, a quadrilha repartiu o dinheiro ainda na capital cearense, o que dificultou o rastreamento. Do Ceará, os valores foram levados para outros estados e injetados em atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e compra de armas, além de financiar novos roubos a banco. A PF estima que os acusados pagaram cerca de R$ 30 milhões em extorsões sofridas desde o crime, cometidas por bandidos ou mesmo por policiais – três agentes civis
As 36 pessoas que tiveram atuação central no caso fazem parte de três quadrilhas: duas de São Paulo e uma do Ceará. Para dar agilidade à apuração e ao trâmite das acusações nos tribunais, a polícia inovou e, com o aval do Judiciário e do Ministério Público, dividiu o bando em 13 células, cada uma composta por cinco, seis ou sete integrantes. Cada célula resultou em um inquérito.
Dezoito pessoas já foram condenadas, incluindo dois supostos chefes – Antônio Jussivan dos Santos, conhecido como Alemão, que está preso, e Moisés Teixeira da Silva, foragido. O terceiro, Luiz Fernando Ribeiro, morreu após sofrer um seqüestro. O último preso foi o ex-prefeito de Boa Viagem (CE) Antônio Argeu Viena (PMDB), detido na semana passada sob a acusação de financiar a escavação do túnel, dando R$ 100 mil em troca de R$ 4 milhões do dinheiro levado do BC.
Antonio Celso dos Santos, delegado responsável pelo caso
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