Fonte: Exame
De policiais federais e militares a servidores da Cultura, praticamente todas as ameaças de greve hoje aproveitam a Copa do Mundo para pressionar o governo
Paralisação da Polícia Federal no dia 7 deste mês
São Paulo – Quando fizeram uma paralisação de menos de um dia em abril deste ano, os policiais militares do Rio Grande do Norte saíram às ruas com cartazes. Até aí, seria parecido com qualquer manifestação entre as várias que pipocam pelo país nos últimos tempos. Mas os PMs tiveram um cuidado adicional: carregavam também faixas em inglês.
A menos de um mês dos jogos, diversas categorias têm usado o momento para chamar a atenção para suas reivindicações, aproveitando o clima de incerteza e a grande exposição para pressionar governos, incluindo o federal, cuja popularidade está em queda.
Levadas ao extremo, várias das paralisações teriam potencial para atrapalhar a organização do mundial.
Entre elas, a de policiais federais, policiais militares (em tese, impedidos de fazer greve) e de servidores do Itamaraty.
As paralisações nesta terça e quarta de motoristas e cobradores, no Rio – o que deixou caótico o transporte público na cidade – e a greve de PMs em Pernambuco, iniciada também nesta terça, são mostras de que o calendário de greves deve aumentar com a proximidade dos jogos.
A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) – entidade que representa 80% de todos os servidores federais do país – já aprovou em sua última assembleia geral o indicativo de greve para o dia 10 de junho, dois dias antes da abertura da Copa.
Reivindicações
Os policiais federais já reiteraram diversas vezes a ameaça de greve durante a Copa, o que afetaria diretamente não só a população local, como também os turistas que chegarem ao país através dos aeroportos e fronteiras.
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) reivindica há tempos reestruturação do plano de carreira, aumento salarial e novas contratações, entre outras medidas.
O grupo, no entanto, está proibido de forma antecipada de fazer greve: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesta terça-feira que paralisações acarretarão em multas diárias de R$ 200 mil por dia, em caso de descumprimento. Mas a categoria vai decidir como agir daqui para frente em assembleia, marcada para hoje.
Ainda nesta semana, a emissão de passaportes e vistos para turistas estrangeiros foi prejudicada pela paralisação de dois dias de funcionários terceirizados de 13 embaixadas e consulados do Brasil na América do Norte e Europa.
Eles reivindicavam reajuste salarial, mudanças no processo de contratação e fim de perseguições e ameaças de demissão.
O Ministério das Relações Exteriores, no entanto, afirmou que “não houve alteração do atendimento ao público”, uma vez que funcionários de outras áreas foram deslocados para atender à demanda.
Espalhados
Mas as paralisações de servidores públicos miram também outros setores que estarão em evidência no mundial.
Funcionários do Ministério da Cultura, por exemplo, estão no quarto dia de greve, o que causa o fechamento de 12 museus, entre eles o de Belas Artes e o da República, ambos no Rio de Janeiro.
Em Fortaleza, garis estão em greve desde 23 de abril, em movimento semelhante ao realizado pelos mesmos trabalhadores no Rio de Janeiro durante o Carnaval.
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