Policiais responsáveis por apurar desvios de recursos, incluindo os do PAC, ampliam investigação a partir de varredura nas verbas destinadas a 119 prefeituras. Estratégia é descobrir novos envolvidos
Edson Luiz
Da Equipe do Correio
A Polícia Federal prepara uma varredura nas emendas parlamentares destinadas aos 119 municípios investigados pela Operação João de Barro. A intenção é verificar o trâmite dos processos, desde a participação dos deputados até a assinatura dos convênios com as prefeituras. Investigadores que atuam na apuração dos desvios de financiamentos públicos, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), acreditam que outros servidores da União e integrantes do Legislativo podem aparecer durante essa fase.
A PF já tem uma relação de todas as obras e liberações de recursos supostamente irregulares, já que as buscas e apreensões realizadas no dia 20 de junho estavam direcionadas para determinados documentos que podem comprovar as fraudes.
“A intenção é refazer todos os caminhos”, afirma um delegado envolvido na apuração do caso. Segundo ele, todos os convênios firmados entre prefeituras e a União serão verificados, independentemente do que já vem fazendo a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Caixa Econômica Federal em relação a 268 contratos firmados dentro do PAC. Na semana passada, depois da descoberta de que parte dos municípios investigados tinha recebido recursos do programa, as duas instituições começaram a analisar cada um dos convênios voltados para as áreas de saneamento básico e habitação.
O trabalho que a PF irá fazer se estenderá às emendas. As investigações da Operação João de Barro apontam que deputados exigiam uma comissão por emenda liberada para as prefeituras. “Quando as verbas são disponibilizadas aos municípios, o parlamentar exige um percentual sobre o valor levantado. Normalmente em torno de 10%”, mostra relatório da PF. “O esquema investigado envolve, portanto, deputados federais, prefeitos, funcionários públicos federais e municipais, empresários da construção civil, lobistas e outros auxiliares (tanto dos lobistas quanto dos empresários)”, aponta o documento.
RADIOGRAFIA
119 prefeituras são investigadas na Operação João de Barro, deflagrada no dia 20 de junho deste ano
34 pessoas haviam sido presas até o final do mês passado, acusadas de envolvimento nos desvios
R$ 700 milhões de reais é o volume de recursos que poderiam ter sido fraudados
231 buscas e apreensões foram realizadas pela PF, incluindo em gabinetes de dois deputados
Esquema na pasta das Cidades.
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