O Brasil alerta que, se não houver acordo para a internacionalização do controle da internet, existe o risco de grandes países em desenvolvimento começarem a estudar a possibilidade de criar uma rede paralela de computadores – uma espécie de internet 2 – para quebrar a dependência tecnológica em relação aos Estados Unidos.
Nesta semana, os 191 países da ONU se reúnem para tentar um entendimento sobre a gestão mundial da internet. “Se não houver acordo sobre a governança da internet, é natural que países como o Brasil, Índia, África do Sul e China busquem sua sobrevivência tecnológica. Se não fizermos isso, vamos ficar muito dependentes”, afirmou Sergio Rosa, diretor do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e um dos principais integrantes da delegação brasileira.
As reuniões desta semana em Genebra são as últimas antes da Cúpula da Informação que ocorre em novembro na Tunísia. O texto do acordo para a Cúpula, porém, teria de ser concluído nesta reunião. Mas os países continuam apresentando posições contraditórias. O Brasil quer a democratização, transparência e internacionalização do controle da internet, hoje nas mãos da Icann, uma empresa da Califórnia acusada de manter relações com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
Já os americanos são contrários à proposta brasileira e argumentam que a internet precisa de estabilidade para continuar avançando e conectando os vários locais do mundo. “Os países em desenvolvimento também preferem a unidade da internet, desde que não signifique monopólio”, afirmou um delegado sul-americano.
Nos últimos dois anos, um grupo de especialistas convocados pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, se reuniu para debater o assunto e chegou à conclusão de que deveria haver mudanças na forma de controle da internet. A idéia de Annan era de que o relatório fosse usado como base para um acordo até a reunião da Tunísia. Mas Washington alega que não reconhecerá as conclusões dos peritos chamados pela ONU.
Sérgio Rosa deixa claro que nenhum governo começou a negociar ainda a criação da “internet 2”. “Todos querem um acordo. Mas essa é uma opção que os países em desenvolvimento têm para sairmos dessa dependência”, disse, lembrando que os técnicos em informática indianos, chineses e brasileiros estão entre os melhores do mundo.
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