A oposição jogou duro, com críticas pesadas à atuação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mas não conseguiu em momento algum surpreendê-lo. A seu modo, Palocci respondeu a quase tudo, embora quase sempre com evasivas. Mas foi enfático na defesa de ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto que estão sendo alvo de investigações por denúncias de corrupção inclusive envolvendo o Ministério da Fazenda e caixa dois para as campanhas do PT. Palocci disse que a maioria das denúncias resulta de perseguição política.
— O Juscelino Dourado era funcionário administrativo, pessoa de muita transparência, prestou todos os esclarecimentos à CPI. Não pedi para Juscelino sair do ministério. Isabel Gordini é técnica dedicada e honrada. Ademirson é um funcionário simples. Muitas vezes são atribuídas a essas pessoas denúncias e elas não têm sequer o direito de se defender — disse o ministro, referindo-se a ex-assessores. — Minha equipe de Ribeirão não era suficiente para dar conta das tarefas da Fazenda, da Receita, do Tesouro. Escolhi uma equipe (no ministério) sem filiação partidária. Com exceção do Bernardo Appy, os outros eu nem conhecia — disse sobre a equipe do ministério.
Juscelino era chefe de gabinete
Juscelino Dourado foi um dos poucos amigos de Ribeirão Preto que Palocci levou para a Fazenda, onde ocupava o cargo de chefe de gabinete até meses atrás. Juscelino pediu demissão após as denúncias de suas intensas ligações com Buratti, quando acabou reconhecendo que recebia o amigo de Ribeirão no seu gabinete no ministério.
O líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), o interpelou para saber por que até hoje ele não processou o ex-secretário de governo na sua primeira gestão como prefeito, Rogério Buratti, que acusou a existência de uma caixinha de empresas prestadoras de serviço em Ribeirão Preto. Palocci simplesmente respondeu que não o fez, do mesmo modo que não processou jornalistas responsáveis por reportagens que considera mentirosas a seu respeito.
— Algumas pessoas sofrem perseguição política por terem sido meus assessores no passado, infelizmente. Nenhum de nós está acima de qualquer suspeita. Neste caso, fitas sigilosas (com o depoimento de Buratti) foram transmitidas a uma emissora de TV. Tenho os nomes da Polícia Civil que fizeram isso, mas não quero conturbar o ambiente político — disse Palocci.
O ministro reafirmou que o ex-assessor Buratti mentiu no depoimento prestado ao Ministério Público:
— O depoimento dele (Buratti) é absolutamente inverídico. Mas não vou processá-lo neste momento, nem ele, nem jornalistas, nem veículos da imprensa. Seria, de certa forma, usar o peso do Ministério da Fazenda nas investigações — disse.
Respostas reforçam decisão de levar ministro à CPI
As respostas evasivas e às vezes superficiais do ministro reforçaram a convicção da oposição de que ele precisa ir à CPI dos Bingos. O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ) disse que ficou insatisfeito com as respostas.
— As coisas mais importantes ele não respondeu. Não pudemos obrigá-lo a responder, por isso a necessidade de levá-lo à CPI dos Bingos — disse.
No caso da Interbrasil, Palocci disse que o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) foi zeloso e questionou na Justiça a operação de resseguro pretendida pela empresa.
— O IRB foi derrotado na Justiça, que falou em excesso de zelo. A Susep extinguiu a empresa. Não vejo relações privilegiadas de empresas que tenham sido extintas. Agora, uma empresa não pode ser extinta em poucos dias — disse Palocci.
Para o presidente da comissão, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o que houve foi falta de competência dos parlamentares para interrogar:
— Acho que não ficou sem respostas, ficou foi sem perguntas. Ele enrola muito, mas ninguém soube enfrentá-lo — resumiu Geddel, ao final.
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