Da Redação
Principal testemunha contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na denúncia de que ele possui empresas em nome de laranjas, o usineiro e ex-deputado João Lyra (PTB-AL) se dispôs ontem a participar de uma acareação com o senador peemedebista, no Conselho de Ética.
O advogado de Lyra, Fábio Ferrário, ligou para o gabinete do corregedor da Casa, senador Romeu Tuma (DEM-SP), e avisou que seu cliente aceita submeter-se a um tête-à-tête com o presidente do Senado no Conselho. Renan apresenta versão diferente da de Lyra e diz que nunca manteve sociedade com o usineiro.
Ainda segundo o advogado do usineiro, Lyra especificou que a acareação seria apenas com Renan e não com seu suposto laranja Tito Uchôa, primo do senador. O corregedor, que está em São Paulo, informou que hoje mesmo encaminhará requerimento aos conselheiros propondo a acareação.
Até então, Lyra vinha se prontificando apenas a liberar documentos sobre as transações que manteve com Renan na compra de um jornal diário e de duas emissoras de rádio em Alagoas, mas não a comparecer ao Senado.
Renan respondeu com ironia sobre uma possível acareação: “Com algema ou sem algema?”. A declaração foi feita pelo senador ao chegar ao gabinete de Antonio Carlos Magalhães Junior (DEM-BA). Ex-aliados políticos, Lyra e Renan vêm trocando acusações desde que o usineiro revelou à revista Veja a sociedade secreta que teria mantido com o senador. Segundo ele, foi Renan quem pediu para que as empresas ficassem em nome de laranjas e ele aceitou a idéia. O usineiro disse que Renan pagou o investimento de R$ 1,3 milhão em dólares e em dinheiro vivo.
O Conselho de Ética ainda não indicou um relator para o processo aberto sobre essas denúncias. Renan é alvo de outras duas investigações: uma para apurar a suspeita de que recebeu ajuda de um lobista para pagar despesas pessoais e outra sobre suas relações suspeitas com a cervejaria Schincariol (leia mais ao lado).
A pressão dos partidos de oposição, que continuam obstruindo a votação de matérias pelo plenário, para que Renan se afaste da Presidência do Senado continuou ontem. Mas o senador alagoano voltou a dar sinais de que a queda-de-braçovai continuar até uma possível votação secreta de seu processo no plenário da Casa. “Eu não sairei, a saída seria compactuar com a mentira e a maledicência que fizeram em relação a mim”, afirmou, em resposta ao discurso do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que, mais uma vez, pediu o licenciamento do comandante do Senado.
O tucano defendeu também agilidade no andamento do processo envolvendo Renan que, por sua vez, concordou. “Temos que acelerar, aguardar a perícia. Torço para que a perícia seja absolutamente técnica, para que seja mais um caminho de demonstrar toda a verdade.” E completou: “Eu estou fazendo tudo com total dedicação, porque além de mim está exposta a instituição. Na medida em que ficam dúvidas, isso atinge a instituição.”
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