Pesquisa divulgada no último dia 30 de julho, revelou que 51,2% dos policiais brasileiros acreditam que as atuais carreiras policiais não são adequadas e deveriam mudar. Intitulada “Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com a FGV, Secretaria Nacional de Segurança Pública e Quartis, teve como amostra 21.101 policiais entre militares, civis, federais, rodoviários, bombeiros e peritos criminais de todos os estados.
Sobre o modelo mais adequado de Segurança Pública à realidade brasileira, 54,04% dos policiais federais entrevistados optaram pela “criação de uma nova polícia, de ciclo completo, de caráter civil, com hierarquia e organizada em carreira única”. Essa opção também foi escolhida pelas demais categorias policiais, resultando em 27,10% do total. Apenas 4,95% escolheram “manutenção do atual modelo de polícias estaduais, sem alterações quanto à divisão de atribuições entre polícias”. Os policiais federais são favoráveis, em grande parte, às policias organizadas em carreira única com apenas uma porta de entrada (concurso para ingresso).
Para 39,96% de todas as categorias policiais entrevistadas, “o atual modelo de segurança pública no Brasil deve ser amplamente reformulado, pois os problemas do país na área só serão resolvidos coma revisão dos procedimentos e do modo como se organizam as corporações do sistema de segurança”. Já 31,42% dos entrevistados também defendem mudanças no atual modelo, mas com a adoção maciça de ferramentas e tecnologias de gestão e de capacitação como instrumentos de enfrentamento dos gargalos e deficiências atuais, e de aumento da eficácia das políticas públicas. Apenas 8, 07% acreditam que o atual modelo de segurança pública no Brasil é adequado e o ajustes devem ser concentrados na obtenção e incremento de novos recursos humanos, materiais e financeiros.
A maioria (86,3%) acredita que os profissionais de Segurança Pública precisam focar mais no resultado e menos nos aspectos burocráticos formais. Para 80,1 % há muito rigor em questões internas às corporações policiais e pouco rigor em questões que afetam a segurança pública.
Desmilitarização – Outra revelação da pesquisa é que 77,2% dos entrevistados das categorias policiais são favoráveis à desmilitarização.
Desmotivação – Um terço dos policiais pensa em sair da corporação na qual trabalham. Destes, 80% citaram baixos salários como uma grande dificuldade na rotina de trabalho, além de leis penais inadequadas, baixo número do efetivo, falta da uma política de segurança pública e formação/treinamento insuficientes.
De acordo com a pesquisa, 34,4% dos policiais que pretendem sair da corporação “assim que surgir outra oportunidade profissional”, 55,1% pensam aposentar onde trabalham e apenas 10,5% não sabem ainda.
Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Jones Leal, o resultado não surpreendeu. “Já esperávamos algo nesse sentido. As entidades sindicais que representam os agentes, escrivães e papiloscopistas já vêm alertando os gestores da Segurança Pública quanto a insatisfação e desmotivação dos policiais em relação à corporação.”
No ano passado, a Fenapef realizou uma pesquisa interna para analisar o ambiente organizacional dos policiais federais. A análise revelou que 86,53% dos entrevistados não estão felizes trabalhando na Polícia Federal, sendo que 68,22% afirmam que deixariam a Corporação.
Por Dayanna Muniz (SINDIPOL/DF) e Katy Fabruzzi (SINDPOLF/SP)
FONTE: Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Fenapef
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