Carlos Moura/CB/27.10.05 |
Valério disse que entregou seu passaporte à Polícia Federal logo que surgiram rumores de que pretenderia sair do Brasil |
A suspeita de interferência atribuída a Valério foi levantada por laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC). Nele, peritos registraram que “os trabalhos periciais têm sido dificultados pela precariedade nos registros contábeis das empresas do grupo e das constantes alterações na documentação e registros contábeis que o grupo vem apresentando aos órgãos de investigação. Isso tem dificultado o rastreamento da origem e do destino do recurso”.
A perícia se transformou em combustível para polêmica. Integrantes da CPI dos Correios entenderam que a informação, além dos dados reunidos até aqui pela comissão, seria motivo suficiente para pedir a prisão de Marcos Valério. O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), defendeu a tese em conversa com os delegados responsáveis pelo caso. O pedido teria de ser feito ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita o inquérito, que o submeteria à manifestação do Ministério Público Federal.
No mesmo dia, Antonio Fernando se declarou contrário ao entendimento dos integrantes da CPI. Alegou não ser o momento adequado para a medida porque ela abreviaria as investigações tanto na Procuradoria Geral da República como na polícia. Obrigaria a conclusão do inquérito sobre o suposto pagamento de mesadas a parlamentares dentro de um prazo de cinco dias.
Preocupação
No entanto, em reunião recente com investigadores do caso, na qual estavam presentes outros representantes do Ministério Público e policiais federais, o procurador-geral demonstrou preocupação com possíveis interferências de Valério. Procurados pela reportagem, PF e MP não se manifestaram sobre o assunto. As duas instituições alegaram o segredo de Justiça do inquérito que tramita no STF para não discutir o tema.
No início das investigações, quando o inquérito do mensalão ainda tramitava na 4ª Vara Federal de Belo Horizonte — antes de ser transferido ao Supremo, por envolvimento de parlamentares —, o empresário chegou a ser monitorado pela PF. Investigadores desconfiavam que ele tinha um plano de fuga e manteria um jatinho particular à sua disposição no aeroporto da capital mineira que poderia deixar o país caso a sua prisão fosse decretada pela Justiça naquela ocasião.
Por precaução e por acreditar que o empresário dispunha de recursos suficientes para sair do Brasil, os policiais federais pediram prisão de Valério à Justiça. Mas o presidente do Supremo, ministro Nelson Jobim, negou, dizendo que a solicitação deveria ter sido feita pelo Ministério Público.
Procurado ontem pela reportagem do Correio, o empresário mineiro informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que mantém rotina normal de trabalho. Valério mora no condomínio Retiro do Chalé, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde passa os fins de semana ao lado da família. Cumpre expediente de segunda-feira a sexta no escritório da Tolentino Assessoria Empresarial, na Savasse, bairro da capital mineira.Destacou ainda que entregou seu passaporte à Polícia Federal logo que surgiram rumores de que pretenderia sair do Brasil.
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