O superintendente da Polícia Federal no Rio, Valdinho Jacinto Caetano, classificou como “bastante falho” o esquema de segurança da Petrobras utilizado no transporte das informações sigilosas da companhia contidas em equipamentos de informática dentro de um contêiner no fim de janeiro. O delegado disse acreditar que se trata de um crime de espionagem industrial e descartou inicialmente a hipótese de um furto comum, pois o furto envolveu dois discos rígidos que foram extraídos dos computadores – cujo valor comercial é muito maior.
– Num caso de roubo comum, se leva o computador inteiro, e não o HD (disco rígido). Quem procura o HD procura as informações nele contidas, o que nos leva a descartar a hipótese de roubo comum. Essa forma leva a crer que havia interesse específico em determinado equipamento.
Para o delegado, a linha de investigação com a qual a PF trabalha é a de espionagem industrial. Ele disse, porém, que não há ainda nenhuma empresa ou funcionário da estatal ou da Halliburton suspeito do crime.
Sem controle
– Não há como negar: o sistema de segurança desse material era bastante falho. Não havia uma forma de controle específico. Não havia anteparos suficientes e muita gente tinha acesso a esse tipo de informação – disse o delegado.
Para ele, o sistema montado era suficiente apenas para o deslocamento de um escritório (transferido de uma sonda da bacia de Santos para Macaé), mas não de equipamentos com informações “privilegiadas” que pudessem despertar o interesse de criminosos.
– Para um escritório simplesmente, a segurança estava adequada, mas, quando se coloca aí uma informação privilegiada, essa forma de segurança se torna inadequada. Nesse ponto, é que houve a falha – avaliou o superintendente da PF.
O delegado disse, porém, não saber ainda se a responsabilidade era da Petrobras ou da Halliburton, dona dos equipamentos furtados e contratada pela estatal para fazer testes em reservatórios de óleo e gás recentemente descobertos na bacia de Santos (campos gigantes de Tupi e Júpiter).
– Houve uma falha da segurança. A quem cabia melhorar a segurança, a investigação é que vai dizer. O contrato entre a Petrobras e a Halliburton é que vai dizer de quem era a incumbência e a atribuição de reforçar a segurança no caso de elevar o grau de risco daquele escritório com o transporte de informações sigilosas. Tanto a Petrobras como a Halliburton informaram que não iriam se pronunciar sobre o caso.
Outro roubo
Além de criticar o acesso de muitas pessoas (45, pelo menos) às chaves do contêiner, o delegado confirmou ainda que havia falha no sistema de lacre. É que para agilizar o trabalho de abertura e fechamento existe uma chave-padrão que abre vários cadeados colocados em diferentes contêineres: “Parece que havia falha nos cadeados”.
Há um ano, um furto similar ao investigado pela PF já havia sido notificado pela Petrobras. O caso, porém, foi informado apenas à Polícia Civil. A estatal entendeu, na época, que no contêiner violado e nos laptops levados não existiam informações relevantes e sigilosas, segundo Jacinto Caetano.
De acordo com o superintendente, os depoimentos já foram iniciados, e nove pessoas, ouvidas. Mais 15 prestarão declarações à PF nos próximos dias.
A Petrobras e a Halliburton não quiseram se manifestar sobre as críticas da PF.
Comments are closed.