A Polícia Federal indiciou seis ex-dirigentes da Parmalat no Brasil pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Entre os nomes que poderão responder a processo judicial, estão o ex-presidente da empresa Gianni Grisendi e três ex-diretores.
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O ex-presidente da Parmalat no Brasil Gianni Grisendi |
O inquérito instaurado pela PF para analisar a contabilidade da empresa no Brasil foi encerrado na última segunda-feira, após cruzamento dos dados com informações fornecidas pela Receita Federal e pelo Banco Central e a a coleta de dezenas de depoimentos de ex-empregados das empresas do grupo instaladas no país.
Segundo o delegado da PF Paulo Tarso de Oliveira Gomes, os mais de 400 volumes do inquérito já foram encaminhados ao juiz Fausto Martim de Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo.
As principais fraudes detectadas ocorreram entre os anos de 1998 e 1999. A Parmalat brasileira precisava captar recursos no exterior e usava as chamadas operações de “blue chips swap”, que consistiam na emissão de notas promissórias no exterior cujo valor captado era utilizado na compra de títulos do tesouro norte-americano, conhecidos como 'T-bills', os quais eram adquiridos por uma empresa estabelecida no Brasil, a Construtora Crescente, que recebia os 'T-bills' no exterior e fazia o pagamento em reais aqui no Brasil à Parmalat. Os títulos eram então enviados para o Uruguai.
Com essa operação, a Parmalat captava recursos externos sem a necessidade de pagamento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e sem conhecimento do Banco Central, e a Crescente Construtora mandava dinheiro para fora através de operação de câmbio não autorizada em lei.
O mesmo acontecia no sentido contrário, quando a Parmalat precisava mandar dinheiro ao exterior (compra de 'T-Bills'). Essas operações giravam em torno de centenas de milhões de dólares.
Outra fraude detectada foi o recebimento de US$ 300 milhões de duas “off-shores” das Ilhas Cayman, registrados no Banco Central como aumento de capital (investimento no país, que não gera tributação).
Esses recursos tiveram saída posterior para uma outra “off-shore” do grupo Parmalat no Uruguai, de nome Wishaw, sob a modalidade de empréstimos ao exterior (também com registro no Bacen).
Os investidores da empresa no exterior acreditavam que o dinheiro se destinava a investimento no Brasil, quando na realidade o Brasil era apenas utilizado como uma ponte para a passagem desses recursos para o Uruguai e de lá tinham destino desconhecido.
A Folha Online ainda não conseguiu localizar Gianni Grisendi para ele se defender das acusações.
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