Fernando Sarney, um dos acusados pela Boi Barrica, teria recebido informações
Empresário entrou com um pedido de habeas corpus antes de Polícia pedir prisão; filho de senador nega ter feito tráfico de influência
A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar o vazamento de informações da Operação Boi Barrica, coordenada pelo próprio órgão, cuja apuração acusa o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Sarney, de traficar influência em diversos órgãos federais, entre eles o Ministério de Minas e Energia e a Eletrobrás, com o objetivo de favorecer negócios privados.
Fernando nega as acusações, que ele atribui a “interesses políticos”, e afirma ser um homem do setor privado. O inquérito (nº 1.533/08) foi instaurado na segunda-feira passada, após dois jornais de São Luís publicarem, no dia 28, reportagens com o teor da investigação. Chefiado pelo delegado Francisco Albuquerque Parente, ele tem dois focos: apurar o vazamento de informações do processo à imprensa e ao investigado. O processo está sob segredo de Justiça.
No mesmo dia (um domingo) que os jornais maranhenses publicaram as reportagens, o ministro Tarso Genro (Justiça) telefonou ao diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, solicitando a apuração.
Fernando Sarney teria recebido informações do inquérito, motivo pelo qual ingressou no Superior Tribunal de Justiça com pedido de habeas corpus, concedido pelo tribunal antes mesmo de a PF pedir sua prisão preventiva, em agosto -pedido que foi negado pela 1ª Vara Federal Criminal de São Luís.
Além do empresário, o pedido de prisão (também negado pela Justiça) se estendia ao agente da PF Aluisio Guimarães Mendes Filho, de Brasília, suposta fonte de Fernando sobre a investigação.
Ontem, Tarso Genro negou que a Polícia atuou no caso motivada por questões políticas, como alegou Fernando Sarney.
O ministro também disse que as informações não foram vazadas à imprensa pela PF. “O processo está sob segredo de Justiça. Quando foi para o Ministério Público, para o âmbito do Poder Judiciário, vazou.”
A PF começou no ano passado a investigar o suposto uso de caixa dois na fracassada campanha de Roseana Sarney ao governo do Maranhão, em 2006.
O foco, então, mudou para o financiamento da campanha e a influência de Fernando Sarney e de empresários ligados a ele em negócios entre empresas privadas e estatais.
O inquérito é o único caso de apuração envolvendo o Maranhão conduzido pela Diretoria de Combate a Crimes Financeiros da PF, em Brasília.
Influência
Aliado de Lula, o senador José Sarney (PMDB-AP) tem grande influência na área energética (já indicou vários nomes para estatais). Sua filha Roseana (PMDB-MA) é líder do governo no Congresso. O ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e o atual, Edison Lobão, são homens de confiança do clã Sarney e foram indicados pelo senador.
O inquérito da PF aponta Rondeau como integrante ativo do esquema -Lobão é apontado como alvo de influência. Ontem, Lobão negou tráfico de influência na pasta e disse que jamais negociou cargos na Eletrobrás com Fernando Sarney.
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