O papiloscopista policial federal Marcos Rossetti lançou na plataforma e-book o livro “Dois Pi Radianos”. Trata-se da sua primeira obra literária e narra a história de um grupo de jovens norte-coreanos que, a partir do contato com a literatura, conhece uma nova perspectiva para sua vida dentro do regime autoritário de Pyongyang.
Rossetti é graduado em direito pela Universidade de São Paulo (USP) e iniciou o curso de letras-russo também pela USP. Sobre o tema da obra, conta que embora veja com muita desconfiança a evolução das novas tecnologias de comunicação, foi justamente esse o tema que o inspirou. “Sou uma daquelas pessoas que resiste a smartphones e redes de socialização. Consigo vislumbrar grandes e incontestáveis ganhos, mas também tendências preocupantes para nosso comportamento social. Paradoxalmente, é um tema atrativo, sobre o qual sempre quis escrever”, afirma.
A história se passa em um país absolutamente fechado a inovações e informações, e seu objetivo foi combinar as diferenças entre literatura e novas tecnologias. “Fiz com que os personagens tivessem acesso a dois elementos fundamentais: a literatura; como substrato inspirador; e a tecnologia; como meio de mudanças. A história trata da potencialidade – nociva ou favorável – dessa combinação”, explica.
O projeto demandou intensa pesquisa e estudo, conversas com norte-coreanos exilados (bem como sul-coreanos) e até mesmo o estudo da língua coreana. Apesar da produção do livro não manter qualquer relação com as atividades que desempenha na Polícia Federal, o escritor afirma que o dinamismo do trabalho realizado no órgão, permitindo o convívio com pessoas de diversas regiões e de formações diferentes, influenciou-o positivamente.
O Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (SINDIPOL/DF) parabeniza Rossetti pela obra e incentiva ações que demonstrem a grandiosa competência dos servidores da PF.
Resenha:
Península coreana, dias atuais. Há três dias que Chol caminha por cidades desertas, nenhum ser humano vivo ou morto. Apenas um zumbido mórbido, cada vez mais intenso, que parece conduzi-lo inevitavelmente a sua origem. O que teria ocorrido? Em Pyongyang, a disputa pela influência no governo nacional resulta no assassinato do embaixador chinês por um grupo de militares norte-coreanos. O ato faz com que a Coreia do Norte seja isolada por todos os vizinhos (ex-aliados ou inimigos) através de uma enorme barreira que impedirá qualquer contato de Pyongyang com o mundo exterior.
Ilhada dentro de sua própria fronteira, em uma espécie de redoma instransponível, a ditatura Juche assistirá ao surgimento de um ameaçador movimento interno que atribui à Literatura a responsabilidade pela cura e libertação da população – ao menos, enquanto não se descobre a verdade alarmante que se esconde do lado de fora dos muros. Com forte inspiração existencialista, dois pi radianos é uma contundente sátira aos regimes totalitários, ao papel dos avanços tecnológicos na sociedade e à formação do senso crítico humano, eclipsado entre os paradigmas atuais. Uma história de suspense progressivo com um enredo surpreendente e visceral.
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