Sérgio Ramalho
Um relatório de inteligência da Polícia Federal revela que o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB) teria comandado, em fevereiro, reunião para planejar a execução de um delegado responsável por denúncias de corrupção durante o período em que chefiou a Polícia Civil. O documento (relint 134/2008/02) coloca em xeque o argumento de que o político “não oferece risco à continuidade processual”, segundo o decreto legislativo aprovado por 40 deputados da Alerj, revogando a prisão de Lins, na sexta-feira.
O setor de inteligência da PF recebeu informações sobre a suposta reunião em 27 de março. De acordo com o documento, o encontro teria acontecido em um restaurante na Cadeg, dia 8 de fevereiro. Entre os participantes estariam a deputada Federal Marina Maggessi (PPS); o delegado Ricardo Hallack, ex-chefe de Polícia Civil preso na última quinta-feira, juntamente como Álvaro Lins, na Operação Segurança S/A; o inspetor de Polícia Civil Miguel Laino; o delegado Federal Carlos Augusto Pereira e o inspetor de Polícia Civil Alcides Sodré, todos presos em operações realizadas pela PF.
Procurados pelo GLOBO, os citados no documentos não foram localizados, com exceção da deputada Marina Maggessi. Inspetora de Polícia Civil licenciada, ela confirmou ter participado de várias reuniões na Cadeg, duas com a participação de Álvaro Lins. Mas negou a participação dos demais citados. A deputada negou o plano para executar o delegado. O documento cita que Lins teria dito que a morte do policial seria um favor ao ex-governador Garotinho, alvo de denúncias por parte do delegado.
O relatório acrescenta que, além da morte do delegado, os envolvidos na reunião teriam traçado planos para solicitar a reativação do presídio Ponto Zero para policiais civis. Segundo o relatório, “esse fato se deve ao temor dos participantes da reunião de serem presos e cumprirem pena em presídios comuns”. O documento cita ainda que durante a reunião teria sido traçada uma estratégia para convocar o delegado Alexandre Neto para depor na CPI dos Grampos. A convocação seria feita pela deputada Marina Maggessi, integrante da comissão, com o objetivo de pedir a prisão do policial, também responsável por uma série de denúncias de corrupção na Polícia Civil.
Marina nega que tenha provocado convocação de delegado
Marina Maggessi nega que tenha traçado estratégia para convocar o delegado à CPI. Segundo ela, Neto foi intimado a depor na quinta-feira para explicar um grampo que teria feito no escritório do ex-presidente da OAB-RJ Otávio Brandão. O delegado, no entanto, atribui a convocação ao fato de ter denunciado Marina que, em interceptação telefônica da PF, sugere ao inspetor Hélio Machado, o Helinho, que “dê um monte de tiros nos cornos do delegado”. Para Neto, é a deputada que deve explicar o teor da conversa com um policial preso por corrupção.
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