Kelly Lima e Marcelo Auler, RIO
A Polícia Federal pretende colher nesta semana depoimentos de funcionários da Petrobrás, da Halliburton (empresa contratada pela estatal e dona dos notebooks roubados com dados sigilosos da companhia brasileira) e da Transmagno, responsável pelo transporte do contêiner
Uma fonte ligada à companhia lembrou que ao menos 40 técnicos da área de exploração saíram da Petrobrás nos últimos quatro meses, atraídos pela concorrência em outras companhias petrolíferas nacionais e estrangeiras. “Eles conheciam os procedimentos de transporte e detalhes da segurança.”
A Petrobrás mantém sigilo sobre o assunto e não informou nem sequer se houve mudanças em seu procedimento de segurança de dados após o roubo. Fonte ligada à cúpula da PF no Rio afirmou que as investigações devem seguir a linha que acredita em espionagem industrial. Segundo essa fonte, está praticamente descartada a hipótese de ter havido um roubo comum de equipamentos que, por coincidência, teriam dados importantes da empresa.
O que se sabe a respeito do roubo, por enquanto, é muito pouco. O contêiner em questão era usado pela Halliburton como uma espécie de escritório flutuante para a avaliação dos dados técnicos retirados da área de Júpiter, na Bacia de Santos, onde a Petrobrás informou ter encontrado gás natural abaixo da camada pré-sal.
A Halliburton, segunda maior companhia de serviços de petróleo do mundo, era a responsável pelos computadores que continham as informações da Petrobrás. A empresa estava com essas informações por conta de um contrato que possui com a estatal desde o ano passado para fornecer serviços de teste de exploração e desenvolvimento em ambientes de alta pressão, alta temperatura e águas profundas no Brasil.
O contrato, de quatro anos, tem valor de US$ 270 milhões, e prevê que a empresa trabalhe juntamente com a Expro International Group para realização dos testes de reservatórios.
O contêiner deixou a área do campo de Tupi, onde a sonda estava instalada, em 18 de janeiro, chegando ao terminal de contêineres Multiportos, no Rio, no dia 25 do mesmo mês. De lá, partiu por terra, em caminhão da Transmagno, até a base da Halliburton em Macaé, onde foi aberto no dia 10 de fevereiro. A Petrobrás limitou-se a divulgar uma nota confirmando o roubo de quatro notebooks e dois discos rígidos, que foi anunciado dia 14 no site Terra Magazine.
COMANDO DA PF
A cúpula da Polícia Federal define hoje o nome de um de seus diretores para acompanhar passo a passo as investigações sobre o roubo dos dados da Petrobrás. O comando das investigações deverá continuar com a delegada Carla Dolinski, da PF de Macaé, responsável pela abertura do inquérito no dia 7.
Mas, segundo uma fonte da PF, além de um diretor da cúpula – do Rio ou de Brasília, ainda não definido – serão enviados agentes para reforçar as investigações. Uma das ações previstas pela Polícia é a repetição de todo o trajeto percorrido pelo contêiner violado.
O QUE FALTA SABER
Há risco de empresas concorrentes usarem dados sigilosos sobre as megarreservas de Tupi?
Por que a Halliburton foi encarregada de transportar informações sigilosas da estatal brasileira?
Quando e por quem a Petrobrás foi informada sobre o roubo?
O que havia no contêiner violado? Havia mais carga?
Essa carga também sumiu?
Por que os notebooks foram transportados em contêiner, e não por funcionários?
Que informações estavam nos computadores?
Por que foram levados a Macaé, já que a base de operações para poços abaixo do sal está no Rio?
Qual foi o trajeto da carga?
O roubo foi na estrada ou no mar?
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