Depois de seis meses de investigação, a Polícia Federal prendeu um dos maiores traficantes de merla da região do Distrito Federal e Entorno. Solimar Rodrigues de Araújo, 38 anos, o Barão da Merla, morava em Santa Terezinha (GO), mas tinha uma casa no Jardim Ingá, no município goiano de Luziânia. Ali funcionava o laboratório de preparação da droga que é um subproduto da cocaína e, mais tarde, seria distribuída a uma rede de traficantes responsável pelo abastecimento das principais bocas no DF.
Na casa de Solimar, foi apreendida a maior quantidade de merla da história da Polícia Federal de Brasília: 508 latas e mais 27 quilos do entorpecente. A PF também encontrou mais 8 quilos de cocaína pura, que viraria merla. Além de Solimar, foram presos Élson Rodrigues Pereira, 30, e Rildo Xavier Pissarro, 34, que o ajudavam na preparação do produto. Eles estão presos na Superintendência Regional da PF, no Setor Policial Sul, para onde também foi levado o traficante carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
“Os traficantes investiram R$ 80 mil em cocaína. A transformação da droga em merla renderia R$ 180 mil, o que corresponde a um lucro de R$ 100 mil”, afirmou o superintendente regional da PF, Daniel Gomes Sampaio. Segundo ele, a cocaína veio da Bolívia, passando pelo Mato Grosso, antes de chegar ao Entorno.
O laboratório de merla funcionava na Rua Caçapara, quadra 9 do Jardim Zuleica, setor do Jardim Ingá. O esquema começou a ser desmontado porque os vizinhos da casa que abrigava o laboratório estranharam o entra e sai dos três homens no imóvel. Depois de receber a denúncia anônima, os investigadores da PF passaram a monitorar os movimentos de Solimar, Élson e Rildo. Na manhã de domingo, veio o flagrante. Por volta das 10h, dez homens da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF surpreenderam o grupo.
Além da droga, os policiais apreenderam três revólveres calibre 38, R$ 16 mil em dinheiro, seis telefones celulares e três carros: dois Vectras – um prata de placa JFU 7459-DF e outro vinho, placa KCV 0675-DF – e uma pick-up Strada. Outros bens do traficante também foram confiscados. Solimar era dono de um patrimônio invejável. Em nome dele há cinco casas. Duas ficam no DF, em Samambaia e na QNL de Taguatinga. Outras duas em Santa Terezinha, além da que servia de laboratório para a preparação da merla. A Polícia Federal também atribui ao líder do trio a propriedade de uma fazenda próxima de onde ele morava, a 400 quilômetros de Brasília.
Duas contas bancárias em nome do traficante Solimar também foram bloqueadas. O saldo da primeira era de R$ 700 mil e o da outra de R$ 200 mil. “Os bens foram bloqueados para evitar que amanhã ou depois outra pessoa assuma o negócio dele”, explicou o delegado chefe da DRE da PF, Felipe Tavares Seixas, que comandou a operação. “O patrimônio dele demonstra quanto tempo ele agia no tráfico”, completa. Solimar já tem várias passagens pela polícia por tráfico de drogas. Desta vez, ele, Élson e Rildo podem pegar de sete a 30 anos de prisão por tráfico, associação ao tráfico e preparação de substância entorpecentes.
Entorno
A apreensão recorde de merla fez com que a Polícia Federal voltasse seus olhos para o Entorno. “A região abriga esse tipo de criminosos. A PF está atenta a isso. É a nossa tônica: desbaratar quadrilhas que encontram ali uma porta de entrada para o DF”, disse Daniel Gomes Sampaio. “Em fevereiro, foram apreendidos na cidade de Valparaíso (GO) 36 kg de cocaína e outros 26kg de merla. A droga vinha de Paracatu.”
A merla é um subproduto da cocaína. Além da droga, sua composição leva barrilha, produto para limpeza de piscina; solução de bateria, que contém ácido sufúrico, e ácido bórico. A polícia investiga uma possível conexão do Barão da Merla com Goiânia. “Ele sempre viajava para lá”, afirmou Felipe Tavares.
Seis meses de apreensões 23 de junho Depois de três meses de investigação, a Polícia Civil realizou a maior apreensão de cocaína do ano: 90,2 quilos. O entorpecente renderia R$ 880mil. Também foram encontradas uma arma, uma balança de precisão e uma moto. Flávio Pereira dos Santos, 20, morador da Colônia Agrícola Samambaia, era o líder do grupo. 17 de junho A Polícia Federal apreendeu 105 quilos de maconha em Taguatinga. A droga estava escondida em quatro tonéis dentro de um caminhão e vinha do Paraguai. Arquiméia Conceição Rodrigues, 59, e a filha Marluce Conceição Rodrigues, 22, foram presas em flagrante. 15 de junho A Polícia Civil apreendeu 31 quilos de cocaína em Alexânia GO). Os policiais estimaram que a venda da droga renderia R$ 500 mil aos traficantes. Durante a operação, seis integrantes da quadrilha foram presos. O entorpecente estava escondido na casa de Olívia Alves de Moraes. Outros 2,3 quilos foram encontrados em Ceilândia, na casa do irmão de Olívia: Honório Alves de Freitas, 51, o Ferrugem, considerado chefe do bando. 4 de maio Policiais da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) do DF apreenderam 300 quilos de maconha na Vila Telebrasília. A droga estava na casa do pescador Suzemar Silvério Rosa,42, preso em flagrante. Alvanir Guimarães, 30, acusado de chefiar a quadrilha, também foi preso no Guará. Com ele, a polícia encontrou dois carros, duas motos e um motor de barco. Na mesma operação, foram apreendidos17 comprimidos de ecstasy e uma pistola, no Núcleo Bandeirante. 13 de abril Agentes da Superintendência da Polícia Federal em Brasília flagraram a negociação de 21,5 quilos de cocaína pura no estacionamento de um supermercado em Taguatinga, às 15h30. O pó, de origem boliviana ou colombiana, veio de Mato Grosso e, segundo a PF, estava em poder de João Paulino de Oliveira Neto e Joaquim Viana Costa, ambos de 25 anos. O carregamento seria comprado por R$ 150 mil e poderia render até R$ 600 mil depois de batizado (quando a droga é misturada com outras substâncias para render mais). |
O saldo da operação 7 kg de cocaína pura 38 kg de merla 3 revólveres calibre 38 R$ 16 mil em espécie R$ 900 mil Em duas contas bancárias do líder dos traficantes (Solimar) |
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