Roberto Godoy e Felipe Recondo
O governo brasileiro confirmou ontem, após duas semanas de conflito militar e diplomático entre a Colômbia, o Equador e a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que a Polícia Federal (PF) vai inaugurar uma nova base de operações. A base será aberta “nas próxima semanas”, segundo o ministro da Justiça, Tarso Genro, e instalada bem perto da fronteira colombiana.
Genro afirmou que a atuação na área segue a “rotina”, mas admitiu, ao mesmo tempo, que o reforço da fiscalização na fronteira foi motivado por informações do serviço de inteligência do governo.
“A Polícia Federal aumenta ou diminui o trabalho com informações que recebe do serviço de inteligência”, disse o ministro. “As fronteiras são policiadas pela PF e pelas Forças Armadas. Maior ou menor grau de tensão sempre implica a atuação desses órgãos que garantem a nossa soberania”, acrescentou.
Ele evitou detalhes: “Informação de inteligência é uma coisa que não se comenta.” Segundo Genro, a PF executa há vários anos operações destinadas a desestimular a ação principalmente de traficantes de drogas.
A base que será aberta em maio na confluência dos Rios Solimões e Içá é quase um forte, dotado de câmeras de longo alcance com capacidade de visão noturna, centro de comunicações, radar de superfície e sofisticada estação de vigilância eletrônica.
Não há bases nem acampamentos das Farc em território brasileiro -“a fronteira está protegida”, garante o ministro da Defesa, Nelson Jobim, rejeitando a declaração do presidente do Equador, Rafael Correa, sobre a infiltração de guerrilheiros na Amazônia brasileira.
Nos anos
PLANO DE ASSALTOS
Em meados de 2004, segundo o CMA, durante dois meses as Farc planejaram assaltos a posições do Exército na fronteira de
Naquela ocasião, fotos de satélite do Ministério da Defesa mostraram as marcas de um acampamento em meio à mata mais baixa, na área habitualmente utilizada pela guerrilha. Analistas do Comando, em Manaus, acreditam que as Farc estavam agrupando uma coluna com cerca de 160 homens e mulheres em Jurupari.
RECURSOS AVANÇADOS
O CMA tem entre 23 mil e 25 mil homens, entre os quais os integrantes das unidades de Infantaria de Selva, talvez os melhores combatentes desse tipo em todo o mundo. A vigilância da região envolve também os avançados recursos da Força Aérea Brasileira (FAB) – aviões eletrônicos R-99A, de alerta avançado, e R99B, de sensoriamento remoto, ambos montados sobre as plataformas dos jatos civis da Embraer, os ERJ-145.
Essas aeronaves atuam com os radares do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) e podem coordenar caças ou turboélices de ataque leve em missões de interceptação de aeronaves clandestinas ou em missões de bombardeio.
O Ministério da Defesa precisa de R$ 1 bilhão para investir prioritariamente no programa de blindagem da Amazônia.
As Forças Armadas estão intensificando a proteção do território e do espaço aéreo no Norte, Noroeste e Oeste por meio da instalação de novas bases, transferência para a região de tropas do Sul-Sudeste e expansão da flotilha fluvial da Marinha. Segundo a previsão, o contingente chegará a 27 mil militares entre 2010 e 2011.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a operação em 21 de julho. O planejamento mais recente envolvendo o arco da fronteira norte, noroeste e oeste é de 2006.
O documento define que o Comando Militar da Amazônia vai instalar três novas bases no Acre entre os Distritos de Foz do Breu, Pé de Serra e Foz do Moa, todos no Município de Marechal Taumaturgo.
O pacote abrange ainda a criação de cinco outras unidades no Amazonas e no Amapá. Em 2009 será completada a transferência dos 4 mil soldados da 2ª Brigada de Selva, atualmente instalada em Niterói, para a região do Alto Rio Negro.
O Comando da Aeronáutica está montando dois centros avançados de operações aéreas em Vilhena (RO) e em Eirunepé (AM). Em julho, foi terminada a ampliação da pista de Caramambatai (RR), na tríplice fronteira com a Venezuela e a Guiana.
Atualmente, a aviação militar dispõe de bases em Manaus (AM), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR) e, com certas limitações,
Na Serra do Cachimbo, onde a Força Aérea Brasileira mantém um centro de testes, também haverá instalações equipadas para ações de combate.
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