EDSON LUIZ
Da equipe do Correio
José Varella/CB – 28/9/07 |
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Luiz Fernando Corrêa, diretor da PF: fim da pirotecnia nas prisões
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Sem alarde e com discrição, na última terça-feira a Polícia Federal realizou seis operações e prendeu cerca de 70 pessoas envolvidas com crimes financeiros, contrabando, fraudes contra a União e tráfico de drogas. O cenário mostra que as ações não pararam, como chegou a ser ventilado depois da troca no comando da corporação. Ao contrário disso, com a retomada da rotina pelos policiais, depois de encerrados os Jogos Pan-Americanos, o número de ações tende a crescer. Nos últimos dois meses, período em que a PF está sob a gestão do delegado Luiz Fernando Corrêa, foram desencadeadas pelos menos 36 grandes operações, o que corresponde a uma a cada dois dias.
O fim da pirotecnia anunciado por Corrêa em setembro, quando assumiu o posto, parecia o fim das grandes operações em série, marca da gestão anterior e que atingiram até integrantes do PT. Segundo integrantes da cúpula da PF, no entanto, o que ocorreu foi um recesso obrigatório motivado pelo deslocamento de 3,5 mil homens para o Rio de Janeiro, onde ajudaram na segurança dos jogos. “A tendência é fazer ainda este ano tudo que estava represado”, afirma um delegado.
Como prometera Corrêa, as operações sob sua direção aboliram os holofotes e obedecem a novas regras de um manual que começou a ser produzido na administração anterior, do delegado Paulo Lacerda, hoje na direção da Agência Brasileira de Informações (Abin). Agora, o preso é conduzido na cabine da viatura, junto com os agentes, e não mais no camburão, usado apenas para carregar material apreendido com os suspeitos. As algemas, que Corrêa considera um símbolo do estado combatendo a criminalidade, continuam. No entanto, os presos nunca são fotografados com elas, até porque os suspeitos não são mais expostos à imprensa. Nem mesmo os nomes são divulgados.
Nas 36 operações realizadas desde setembro, foram presas 450 pessoas. O maior número de detidos ocorreu nas operações Colméia, que colocou atrás das grades 51 acusados de traficar drogas no Rio Grande do Sul; e Persona, desencadeada em São Paulo contra executivos da multinacional Cisco do Brasil, suspeitos de fraudar importações de equipamentos de alta tecnologia e de rede corporativa. Foram presas 40 pessoas. Nos últimos dois meses, a média diária de prisões é de sete pessoas.
De setembro a novembro de 2006, a PF prendeu 530 em 31 operações especiais. “Não trabalhamos com número de presos e de ações, mas com a qualidade do trabalho. Podemos prender uma única pessoa, que pode ser um grande criminoso”, observa o policial.
O trabalho da PF tende a aumentar nos próximos meses. Antes centralizado em algumas diretorias, como a de Inteligência Policial, que realizou operações importantes como a Navalha e a Hurricare (furacão, em inglês), agora cada setor fará sua própria investigação e realizará as ações cabíveis. Se o crime é relacionado à lavagem de dinheiro, caberá à direção de combate ao setor apurá-lo. A pretensão de Luiz Fernando Corrêa é descentralizar algumas áreas dentro da PF.
Balanço operacional
Colméia Prendeu 51 pessoas acusadas de tráfico de drogas. Realizada em setembro, no Rio Grande do Sul, a Operação Colméia recebeu este nome pelo fato de o principal envolvido morar na cidade de Meleiro (SC). Além de ter realizado 42 buscas e apreensões, a PF apreendeu 300 quilos de cocaína
Persona Realizada em outubro, a operação teve como alvos executivos da multinacional Cisco do Brasil, acusados de fraudes em importações de equipamentos de alta tecnologia, telecomunicações e redes corporativas. Foram presas 40 pessoas, entre os dirigentes, empresários e laranjas do grupo
Metástase A operação foi desencadeada no mês passado contra esquema de fraudes em licitações da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Roraima. Foram presas 30 pessoas, entre elas o dirigente da Fundação no estado, Ramiro José Teixeira. A ação também foi feita no Amazonas e Paraná
Vento Sul Realizada no interior de Santa Catarina, a operação prendeu 29 pessoas acusadas de contrabandear, mensalmente, cerca de R$ 2,5 milhões em mercadorias para o Brasil. Entre os produtos, incluindo cigarros, a quadrilha fazia entrar no país medicamentos sem registro nos órgãos oficiais
Rodin A PF prendeu 12 pessoas acusadas de fraudes em contratos públicos em Detrans do Rio Grande do Sul e Maranhão. Realizada neste mês, a operação Rodin descobriu que as irregularidades causaram prejuízos de mais de R$ 40 milhões aos cofres públicos desde 2002
Mecenas Desencadeada na semana passada, a operação teve como objetivo prender cinco pessoas acusadas de corrupção no Ministério da Cultura, envolvendo financiamentos de projetos da Lei Rouanet. Um dos presos é uma funcionária do órgão, além de três sócios da empresa de eventos G4 e um policial civil do Distrito Federal
Kaspar II Também realizada na semana passada, a finalidade da operação era desarticular um esquema organizado por bancos suíços para enviar dinheiro de brasileiros ao exterior por meio de doleiros. A PF prendeu 20 pessoas, entre elas executivos de três instituições bancárias estrangeiras
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