Marcelo Godoy
Seis meses depois de o Museu de Arte de São Paulo (Masp) ter sido alvo de ladrões, a Secretaria de Estado da Cultura não executou algumas das principais medidas do plano de segurança dos museus do Estado. Nenhum dos museus cuidados pela secretaria recebeu detectores de metais. As únicas medidas estudadas que saíram do papel, segundo o próprio secretário da Cultura, João Sayad, foram a contratação de guardas para alguns museus e a adoção de “uma segurança mais apropriada em um deles”. Ficaram de fora medidas estudadas, como o monitoramento ininterrupto das câmeras de segurança e o reforço do controle de incêndio.
No dia 20 de dezembro de 2007, bandidos arrombaram uma porta de ferro e levaram o quadro Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso, e O Lavrador de Café, de Cândido Portinari. As obras foram recuperadas em janeiro pela Polícia. Desde então, a secretaria, o Corpo de Bombeiros, o Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) e outros órgãos do governo se uniram para estudar a situação de segurança dos museus do Estado. “A Pinacoteca era o mais seguro dos nossos museus”, disse Sayad. O secretário revelou que, entre as medidas que deviam ser implantadas nos museus, estava a instalação de detectores de metais.
Antes que essa e outras medidas saíssem do papel, os ladrões voltaram a agir. Desta vez, armados. “Roubo armado é sempre mais difícil evitar”, disse Sayad. A ação dos criminosos surpreendeu a secretaria. “Nós não esperávamos um roubo à mão armada , como ocorre em vários locais da cidade.”
O secretário revelou ontem que os detectores de metais “estão sendo providenciados” e que a Estação Pinacoteca deve estar entre os museus que vão receber o equipamento. Sayad demonstrou preocupação com o incômodo que esse tipo de equipamento causa, principalmente, em um museu que é muito visitado por crianças, como é o caso da Estação Pinacoteca.
“É desagradável, mas, em face dessa situação, a solução será essa”, afirmou. Sayad não especificou uma data para isso ocorrer, mas disse que não faltará dinheiro no orçamento para reforçar a segurança.
ARMADOS
Mesmo sabendo que pelo menos um dos bandidos que levaram as obras de Picasso, Lasar Segall e Di Cavalcanti estava armado com uma pistola, o secretário praticamente descartou a possibilidade de manter guardas armados ou de pôr policiais fardados para cuidar da segurança dos museus de São Paulo. “Não sei se guarda armada é uma boa solução.” O secretário declarou que o lugar tem um sistema de vídeo e cerca de 25 atendentes e vigias para cuidar do público – ao todo o museu tem 50 funcionários. O lugar, segundo ele, não tem alarme.
O secretário encontrou-se ontem com o diretor do Deic, delegado Youssef Abou Chahin. O diretor do Deic informou que avisou portos e aeroportos. Segundo a Polícia Federal, seus funcionários estão de prontidão. Mas a instituição não deverá apurar o caso, pois nenhuma das obras é tombada pelo patrimônio histórico nacional.
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