A Polícia Federal entrega hoje ao juiz da 3ª Vara Federal de Cuiabá, Jefferson Schneider, relatório parcial do inquérito sobre o dossiê Vedoin, com pedido de mais 30 dias de prazo para concluir as investigações. Com mais de mil páginas produzidas em dois meses, o relatório vai sustentar que a trama para compra e divulgação do dossiê partiu de um grupo de dirigentes do PT nacional e regional de São Paulo, com o objetivo de prejudicar candidaturas do PSDB nas últimas eleições.
O texto também deve descrever indícios de vários crimes na trama, entre os quais fraude financeira, formação de quadrilha e estelionato. O relatório não deve apontar, porém, o mandante da operação, nem desvendar a origem do dinheiro – R$ 1,75 milhão – apreendido em poder dos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha num hotel de São Paulo, no dia 15 de setembro, supostamente destinado à compra do dossiê.
Segundo a PF, não existe ainda nenhuma prova ou confissão que incrimine o presidente licenciado do PT, deputado Ricardo Berzoini. Apesar de comprovada a participação de subordinados deles na operação, o direito brasileiro não prevê a figura da responsabilidade objetiva, pela qual o dirigente de um órgão responde pelos erros dos subordinados. “As investigações até agora realizadas não nos permitem concluir que ele é o mandante”, disse o superintendente da PF em Cuiabá, Daniel Lorenz.
“Estou absolutamente tranqüilo em relação a esse episódio”, disse ontem o deputado, durante a reunião do diretório nacional do PT,
A PF informou que já possui elementos para indiciar, pelo princípio do convencimento, os seis principais envolvidos na operação – cinco deles subordinados a Berzoini e chamados de “aloprados” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas o delegado Diógenes Curado, titular do inquérito, pode optar por deixar essa medida para a próxima etapa do inquérito. Ele fará a revisão do texto hoje de manhã, devendo entregá-lo à tarde.
Além de Gedimar, Valdebran e Lacerda, figura na lista, para fins de indiciamento, o ex-chefe do setor de inteligência do PT, Jorge Lorenzetti, acusado de ser o principal articulador da operação. Correm o mesmo risco os petistas Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil, e Osvaldo Bargas. Eles são acusados de participar diretamente da negociação do dossiê.
A próxima etapa do inquérito, caso o juiz concorde em prorrogá-lo – em outubro ele já havia acolhido o pedido de mais 30 dias para as investigações -, começa com a intimação dos tesoureiros das campanhas à reeleição de Lula e de Mercadante ao governo paulista, respectivamente José de Filippi Júnior e José Giácomo Baccarin.
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