Para a polícia, o líder da maior quadrilha de drogas sintéticas da capital está no Brasil. Caçada mobiliza agentes de vários estados
A Polícia Federal mobilizou ontem, em todo o país, o serviço de inteligência da instituição para intensificar as buscas ao foragido Michelli Tocci, apontado como o Barão do ecstasy. Delegados e agentes receberam informações concretas de que ele continua no Brasil. A Interpol foi alertada sobre eventual tentativa de fuga para o exterior. Segundo os agentes, Tocci é um dos líderes da quadrilha internacional de tráfico de drogas desarticulada na semana passada. Sete pessoas estão presas.
Denúncias sobre o destino do rapaz chegam à PF e também à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Deco), unidade da Polícia Civil de Brasília responsável, desde 2003, pela investigação do grupo e pelas prisões realizadas. Mas até agora nenhuma informação foi confirmada. Encontrá-lo virou questão de honra para as autoridades.
Por várias vezes, durante oito meses em que foi grampeado pela polícia com autorização da Justiça, Tocci desafiou a capacidade dos profissionais em prendê-lo. Trecho de uma das gravações, mantida em sigilo judicial, é exemplo da ousadia do acusado. Em conversa com um amigo não identificado pela polícia, o filho de ex-funcionário da Embaixada da Itália demonstra saber da investigação e afirma não ter medo dos agentes.
As autoridades ressaltam a esperteza de Tocci. Os investigadores sustentam que o publicitário, de 31 anos, está envolvido há oito anos com drogas e outros crimes, como estelionato. Em 2000, ele foi detido acusado de comprar passagens aéreas internacionais com cartões de crédito clonado. Na época, a polícia não conseguiu provar o envolvimento dele. O processo foi arquivado. Na atual investigação, descobriu-se que a quadrilha da qual ele faz parte usava a mesma tática para conseguir viajar para o exterior.
Além da organização da quadrilha, chamou a atenção uma nova forma de apresentação do ecstasy. Na prisão de Sandra Gorayeb, funcionária do Ministério Público da União, os agentes encontraram o MDMA, princípio ativo da droga, em pó. Foram 46 gramas da substância. Em geral, ela é comercializada em comprimidos. Foi uma surpresa, afirmou Felipe Tavares, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF em Brasília. Não havia registro de ecstasy em pó encontrado no Brasil pela instituição.
Temporada de raves
A polícia está de olho em Tocci e também na agenda cultural dos próximos dias. Existem várias raves (festas regadas a música eletrônica) programadas — cinco delas entre hoje e amanhã: duas no Lago Sul, outras duas em Taguatinga e a quinta no Plano Piloto. De acordo com o delegado Miguel Lucena, chefe da comunicação da Polícia Civil do DF, as equipes estarão atentas à movimentação de traficantes.
O fim da temporada de verão, quando maconha, skank e haxixe têm forte apelo entre os jovens porque os eventos ocorrem em locais abertos, significa mudança no endereço das festas. No inverno, elas passam a ser realizadas em locais fechados. A preferência dos usuários também muda. É a vez do ecstasy. Os 2,5 quilos de skank e os 800 gramas de haxixe encontrados com Sandra Gorayeb na terça-feira da semana passada poderia ser, acreditam os policiais responsáveis pela investigação, um dos últimos carregamentos do veraneio.
Fonte: Correio Braziliense
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