No final da tarde do último dia 31 de março, o presidente do Sindipol/DF, Luiz Cláudio Avelar, e o presidente da Fenapef, Marcos Wink, foram recebidos pelo chefe de gabinete do Ministro da Justiça, Professor Nado, para apresentar reivindicações relacionadas a falta de uma carreira na Polícia Federal e sobre o resultado do grupo de trabalho formado para elaborar o anteprojeto de Lei Orgânica.
Presidente do Sindipol/DF, Cláudio Avelar; Presidente da Fenapef, Marcos Wink; Chefe de Gabinete, Professor Nado; e Ministro da Justiça, Tarso Genro
Os representantes dos Policias Federais falaram sobre a Carta de Belém e da insatisfação em virtude da falta de uma carreira para a categoria. Por conta da gravidade da questão, Avelar e Wink foram imediatamente levados ao gabinete do Ministro Tarso Genro, o qual se mostrou sensibilizado com a situação e prometeu criar um grupo dentro do próprio Ministério da Justiça, para fazer uma real Lei Orgânica, tomando por base as polícias de referência no mundo, buscando uma carreira em formato diferente da considerada hoje pelo DPF, que é arcaica e não acompanha os anseios sociais.
Também foi citado por Avelar e Wink o modelo do inquérito, que ainda hoje é aplicado aos moldes dos Tribunais da Santa Inquisição, onde o investigado é, na verdade, julgado subjetivamente, podendo ser indiciado sem direito ao contraditório. Testemunhas são ouvidas, provas são produzidas, sem direito à defesa, pois dizem que não está sendo acusado: farsa inquisitorial que apenas reflete uma estrutura de poder sem contestação.
CARTA DE BELÉM
Os policiais federais, representados por seus sindicatos e pela FEDERAÇÃO NACIONAL DOS POLICIAIS FEDERAIS – FENAPEF,
– Nesta data especial, do 64º aniversário de criação do Departamento de Polícia Federal – DPF, o anseio dos servidores era pela apresentação oficial do anteprojeto de Lei Orgânica da PF, a ser enviado ao Ministério da Justiça.
– A mencionada proposta teria o condão de disciplinar a estrutura organizacional, as prerrogativas e a reestruturação da carreira Policial Federal, focada especialmente na valorização das atividades policiais, bem como a criação da carreira de Apoio Administrativo, o qual viu-se frustrado.
– O próprio Senhor Ministro da Justiça, Tarso Genro, por ocasião do XII CONAPEF – Congresso Nacional dos Policiais Federais, realizado em Fortaleza, em junho de 2007, assegurou seu compromisso com um projeto de Lei Orgânica que valorizasse a experiência dos policiais e reconhecesse todos os cargos da carreira Policial Federal como de nível superior.
– Essa expectativa não se confirmou em virtude do fracasso na conclusão dos estudos desenvolvidos pelo Grupo de Trabalho, criado pela Direção-Geral, com vistas à Lei Orgânica da PF, devido ao autoritarismo, incapacidade de diálogo e da falta de metodologia do delegado que o presidiu, associada à intransigência das entidades de classe representativas dos delegados.
Infelizmente, diante dessas circunstâncias, do ponto de vista das relações internas, não há motivos para comemoração, pelo que, por unanimidade, deliberaram:
1.Promover paralisações nacionais, em datas a serem definidas pela FENAPEF, como forma de protesto contra a inexistência de um anteprojeto de Lei Orgânica, construído democraticamente com a participação dos servidores;
2.Solicitar audiências com o Diretor-Geral do DPF e o Ministro da Justiça, a fim de formalizar a profunda indignação da categoria;
3.Organizar encontros e seminários regionais, objetivando debater a reestruturação da carreira Policial Federal e um novo modelo de investigação;
4.Convocar, em caráter extraordinário, para o mês de agosto, o Congresso Nacional dos Policiais Federais – CONAPEF, tendo como temas centrais a carreira Policial Federal e um novo modelo de investigação;
5.Buscar apoio junto aos deputados federais e senadores, em cada unidade federativa, em conjunto com os sindicatos filiados, com vistas, dentre outros objetivos, à constituição de uma frente parlamentar de apoio às reivindicações dos policiais federais;
6.Defender, incondicionalmente, o Projeto de Lei nº 1.914/2007, da Câmara dos Deputados, que institui o juízo de instrução criminal, inclusive articulando-se com a OAB e entidades representativas dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público;
7.Atuar contra a aprovação da PEC nº 549/2006 e das propostas similares, dispondo a respeito do reconhecimento da natureza jurídica do cargo de delegado de polícia;
8.Elaborar, por meio de renomada instituição de ensino superior, estudo sobre o inquérito policial e sua eficácia na persecução criminal;
9.Desenvolver o planejamento estratégico da FENAPEF para os próximos 15 anos.
Belém, 28 de março de 2008.
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS POLICIAIS FEDERAIS – FENAPEF
SINDICATOS DOS POLICIAIS FEDERAIS NO DISTRITO FEDERAL E NOS ESTADOS DO ACRE, ALAGOAS, AMAPÁ, AMAZONAS, BAHIA, CEARÁ, ESPÍRITO SANTO, GOIÁS, MARANHÃO, MATO GROSSO, MATO GROSSO DO SUL, MINAS GERAIS, PARÁ, PARAÍBA, PARANÁ, PERNAMBUCO, PIAUÍ, RIO DE JANEIRO, RIO GRANDE DO NORTE, RIO GRANDE DO SUL, RONDÔNIA, RORAIMA, SANTA CATARINA, SÃO PAULO, SERGIPE e TOCANTINS.
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