Pesquisas em poder do Palácio do Planalto indicam que falhas no sistema de saúde e na segurança pública figuram entre as maiores queixas dos eleitores.
Dilma cobra metas para viabilizar reeleição
Dilma cobra de ministros do PT metas prioritárias para o restante do mandato
Vera Rosa – O Estado de S. Paulo
Preocupada com o crescimento econômico, a presidente Dilma Rousseff encomendou a ministros do PT um plano com metas para os dois últimos anos do governo que ajude sua candidatura à reeleição em 2014. “Não podemos perder 2013 para fazer deslanchar a máquina pública”, diz o senador Jorge Viana (PT-AC)
A presidente Dilma Rousseff encomendou a um seleto grupo de ministros do PT a apresentação de metas prioritárias para os dois últimos anos do governo. Com tropeços na gestão, problemas na economia e dificuldades na articulação política, Dilma corre para construir marcas de governo que pavimentem sua candidatura à reeleição, em 2014, embalada pelo mote do desenvolvimento estratégico.
As metas pedidas pela presidente para a segunda metade do mandato também envolvem perspectivas de longo prazo. Pressionada pelo baixo crescimento da economia no ano passado, que deve ficar próximo a 1%, Dilma aposta que medidas tomadas em 2012 para baixar os juros, ajustar o câmbio, reduzir impostos, diminuir a dívida pública e cortar o preço da energia elétrica terão impacto a partir de abril.
Até agora houve apenas uma reunião com os ministros Guido Mantega (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Miriam Belchior (Planejamento) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), em dezembro, quando Dilma tratou da necessidade do plano estratégico. Antes disso, no entanto, ela conversou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o marqueteiro João Santana, que será o responsável pela campanha da reeleição.
Pesquisas em poder do Palácio do Planalto indicam que falhas no sistema de saúde e na segurança pública figuram entre as maiores queixas dos eleitores. Embora segurança seja da competência dos Estados, o medo provocado pela violência nas grandes cidades atinge de forma negativa o governo federal.
Além disso, a imagem de boa gestora de Dilma começa a ficar embaçada. Em um ano pré-eleitoral, o desafio da presidente é tirar projetos de infraestrutura da prateleira e atrair investimentos. No fim de 2012, ela anunciou um pacote de concessões em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos que ultrapassa R$ 200 bilhões, mas investidores ainda têm dúvidas sobre a segurança jurídica para tocar projetos.
Para a oposição, expressões como “destravar os nós” e “competitividade” viraram moda no governo, mesmo sem o figurino sair do papei. “A prática é outra: está tudo travado”, provoca o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
Vigilância. Dilma quer agora atenção redobrada ao Sistema Informatizado de Monitoramento da Presidência. Há 45 programas sob vigilância, como antecipou o Estado, e uma equipe de 30 técnicos da Casa Civil fiscaliza o andamento dos serviços, muitas vezes em tempo real.
A lista é composta por projetos que não podem dar errado, como os estádios da Copa de 2014. Mesmo assim, das 82 obras de mobilidade urbana, portos e aeroportos, prometidas para a Copa, apenas três permanecem com cronograma inalterado.
“Aqui nós temos tudo em detalhes, com endereço, CIC, RG e acompanhamento fotográfico”, afirma o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ao comemorar investimentos de quase R$ 10 bilhões no ano passado. “O MEC é assim: vem que tem.”
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