Há mais de duas semanas o Correio vem publicando reportagens sobre tráfico de drogas e mortes de dezenas de jovens de 13 a 26 anos, no Entorno do Distrito Federal, a 60km do centro do poder
Afonso Morais Da equipe do Correio Desde a execução das estudantes Natália Oliveira Vieira, 14, e Raiane Maia Moreira, 17, em 13 de agosto, o repórter Amaury Ribeiro Jr. passou a investigar a escalada de violência na região e descobriu que apenas nos últimos seis meses 41 adolescentes de 13 a 18 anos foram assassinados nos municípios goianos de Valparaíso, Novo Gama, Águas Lindas, Luziânia e Cidade Ocidental. Outros 109 jovens de 19 a 26 anos foram executados no mesmo período.
A revelação dessa guerra urbana que já matou mais de 150 jovens no Entorno do DF motivou o Correio a publicar, desde o dia 4 de setembro, a série de reportagens Tráfico, Extermínio e Medo (veja a seqüência abaixo). De acordo com documentos e depoimentos obtidos pelo jornal, o tráfico de drogas foi o responsável pela maioria das mortes. Os pais são condenados a suportar o terror em silêncio, confinados em suas casas. Os índices de criminalidade nas cidades vizinhas à capital já haviam sido detectados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública em levantamento de 2005. Na época, Luziânia, a 60km da Praça dos Três Poderes, figurava em 10º lugar no ranking nacional, com 66 homícidios para cada 100 mil habitantes. O dobro da média verificada no Rio de Janeiro.
No dia 18, quarta-feira, o número de mortes de jovens no Entorno havia passado de 150, em 4 de setembro, quando o Correio iniciou a série, para 159. O crime organizado tentou fazer com que o jornal recuasse em sua cobertura, com um atentado a balas contra a vida do repórter Amaury Ribeiro Jr, em Cidade Ocidental. Mas a verdade dos fatos é a matéria-prima que move um jornal e a vida dos jornalistas que buscam a verdade. |
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