A cinco dias do começo da campanha do referendo sobre a proibição da venda de armas, as duas frentes parlamentares que vão se enfrentar nas urnas no dia 23 de outubro estão com dificuldade para arrecadar dinheiro. Em tempos de denúncias de caixa dois nas eleições, empresas relutam em doar dinheiro aos coordenadores das frentes.
– A arrecadação está difícil para todos – diz o deputado Alberto Fraga (PFL-DF), presidente da Frente Parlamentar pelo Direito à Legítima Defesa, contrária à proibição da venda de armas (voto Não, número 1).
Fraga afirma que os cofres não estão vazios, mas não conta quanto já têm. Segundo ele, os setores industrial e agrícola têm contribuído.
– Não é por acaso que o MST vai trabalhar pelo sim e os ruralistas pelo não – diz o vice-presidente da Frente, Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP).
Fleury nega que a campanha do Não esteja recebendo verbas da indústria de armamentos, que financiou campanhas eleitorais de integrantes da frente.
Os problemas de arrecadação das frentes não se devem apenas aos escândalos. As regras editadas pelo Tribunal Superior Eleitoral para o referendo foram adaptadas da legislação que rege as eleições comuns. Com isso, concessionárias de serviços públicos e organizações que recebem recursos governamentais ou estrangeiros, como ONGs, estão fora da lista de doadores. A Frente Parlamentar por um Brasil sem Armas (campanha do Sim, voto 2) reclama da rigidez da lei, argumentando que essa é uma causa da cidadania, não da atividade política.
O presidente do TSE, ministro Carlos Velloso, discorda:
– Decidimos utilizar as regras eleitorais e não acho que acarretará problema. Fiscalizaremos possíveis denúncias de arrecadação irregular.
A frente contra as armas tenta superar a severidade das regras de financiamento com trabalho voluntário. Agências de publicidade, produtoras de vídeo e gráficas não cobram pelo trabalho. Entre os publicitários voluntários está Washington Olivetto, vítima de seqüestro em 2002.
– É difícil obter recursos sem cargos e verbas para distribuir depois. Só temos a causa – lamenta Raul Jungmann PPS-PE), um dos coordenadores da frente anti-armas.
set
28
Comments are closed.