Por alguns minutos, o apertado espaço em frente à porta do gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi transformado em palco para um show em favor da proibição da venda de armas no país. Um órgão, um microfone e caixas de som foram colocados no local para que a cantora Célia Porto pudesse cantar uma das músicas a serem usadas na campanha pelo fim do comércio de armas no país. A suave música provocou polêmica. A Frente Parlamentar pelo Direito à Legítima Defesa entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerando a manifestação ilegal.
“Renan tem que entender que antes de ser presidente da Frente Parlamentar Brasil Sem Armas ele é presidente de uma instituição: o Senado Federal. Repartições públicas não podem ser usadas para lançar jingles”, criticou o deputado Alberto Fraga (PFL-DF), presidente da frente pró-venda de armas. O presidente do Senado tentou minimizar a iniciativa: “Foi só o lançamento de uma música, nada demais”. O TSE autoriza a realização de eventos em dependências do Legislativo, desde que autorizados pela Mesa Diretora da instituição.
Questionado sobre o evento, o senador não mencionou ter assinado documento algum que permitisse a manifestação. Tentou evitar a impressão de que o Senado está apoiando a frente que dirige. Renan Calheiros garantiu que será dada a mesma oportunidade para a frente concorrente. “Se eles quiserem, podem vir aqui e lançar uma música. Até porque queremos respeitar o principio de igualdade de oportunidades determinado pelo TSE”, disse o senador, rodeado por manifestantes.
Desavisado
A assessoria disse que o presidente do Senado estaria saindo do gabinete, a caminho do plenário, quando, desavisado, foi convidado a participar do evento. Na verdade, os organizadores cobravam a presença de Renan Calheiros, que só aceitou falar com os jornalistas que o assediavam, depois de participar do ato e cumprimentar conhecidos. A assessoria, contudo, reconheceu que a instituição tinha sido previamente comunicada do show, mas não teria recebido qualquer informação sobre o fato do evento ser relativo ao referendo.
Antes mesmo de Fraga ter entrado com uma ação no TSE, Everardo Aguiar, do movimento Amigos da Paz e um dos organizadores do evento, concordou que a idéia de promover o show no Senado pode ter sido infeliz. Sem discutir a questão da legalidade do evento, ele reconheceu que a frente adversária poderá usar o ato contra eles. Ele entende que, sem argumentos mais convincentes, Fraga poderá tentar convencer a opinião pública de que isso foi uma falta grave.
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