Relatório final da Polícia Federal em um dos inquéritos do escândalo do mensalão confirma em detalhes que existiu um esquema de desvio de dinheiro público para o PT e partidos aliados do governo no Congresso.
O texto traz as conclusões de um inquérito aberto em março de 2007 para aprofundar as investigações sobre a origem do dinheiro do esquema e seus beneficiários.
O inquérito correu em sigilo de justiça paralelamente à ação principal do mensalão, que está no STF (Supremo Tribunal Federal) e tem 38 políticos e empresários como réus, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.
O relatório foi entregue há cerca de um mês pelo delegado Luiz Flávio Zampronha e suas principais conclusões foram reveladas pela revista “Época” na edição que chegou ontem às bancas.
O relatório reforça a denúncia da Procuradoria-Geral da República que deu origem ao processo criminal no STF, reunindo várias evidências de que recursos públicos foram desviados para o empresário Marcos Valério de Souza e depois repassados para o PT e seus aliados.
A PF afirma que agências de publicidade e outras empresas de Marcos Valério mantinham contratos fictícios ou superfaturados para desviar os recursos, que beneficiaram, além do PT, políticos de outros quatro partidos (PMDB, PTB, PP e PR).
O dinheiro, segundo confirma a PF, era destinado a campanhas eleitorais ou ao uso pessoal desses políticos.
A existência do mensalão foi revelada pela Folha em junho de 2005.
O novo relatório joga água fria nos esforços que vários envolvidos têm feito para esvaziar a denúncia da PGR e assegurar a absovição dos réus. Antes de deixar o governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que iria se dedicar à “desconstrução” do caso para provar que tudo “foi uma farsa”.
O julgamento no STF deve ocorrer em 2012. O ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, pediu à PGR um parecer sobre o relatório para avaliar se algo poderá ser aproveitado na ação principal.
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