Fonte: Revista Época
Por Filipe Coutinho
Relatório do Coaf considerou as movimentações de quase meio bilhão de reais “atípicas”
Suspeito de fazer parte de um esquema internacional de propinas, o cartola Ricardo Teixeira movimentou em suas contas R$ 464,56 milhões no período que comandou a organização da Copa do Mundo do Brasil.
Foto: Harold Cunningham/Getty Images
Ricardo Teixeira foi presidente do Comitê Organizador Local da Copa-2014 entre 2009 e 2012, quando renunciou ao cargo e à presidência da CBF. É justamente nesse período que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, apontou as movimentações de quase meio bilhão de reais – e as considerou “atípicas”.
As informações constam de relatório da Polícia Federal produzido em janeiro deste ano, obtido por ÉPOCA. Diz o documento: “Juntada das informações do Coaf, onde constam informações sobre altas movimentações financeiras realizadas por Ricardo Terra Teixeira, no montante de R$ 464.560.000,00 (quatrocentos e sessenta e quatro milhões, quinhentos e sessenta mil reais), entre os anos de 2009 e 2012, sendo que tais foram considerados atípicos pelo Coaf”.
PF indicia Ricardo Teixeira por quatro crimes
O relatório do Coaf foi anexado a uma investigação da Polícia Federal que apurou a compra de um apartamento por Ricardo Teixeira. A PF indiciou em janeiro deste ano Ricardo Teixeira pelos seguintes crimes, relacionados à compra do apartamento: lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documento público.
Trata-se de um imóvel comprado em 2002 na Barra da Tijuca, por R$ 720 mil. Essa operação financeira foi revelada pela imprensa em 2011. Quem vendeu o apartamento a Teixeira foi Cláudio Abrahão. Sua família é dona do Grupo Águia, fornecedor da CBF. O apartamento foi vendido abaixo do preço de mercado, avaliado em R$ 2 milhões.
De acordo com a PF, Teixeira “não teria como justificar os valores envolvidos na aquisição” e por isso trouxe dinheiro de fora do país. Segundo a PF, esse relatório do Coaf mostrou ainda que Ricardo Teixeira mantinha contas no exterior e repatriou valores para poder comprar o apartamento. Ricardo Teixeira não foi localizado pela reportagem.
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