Em uma eleição sem surpresas, José Sarney (PMDB-AP), 80 anos, foi reeleito ontem para o seu quarto mandato na Presidência do Senado. Em discurso, Sarney disse que a ética tem sido seu “exemplo de vida inteira”.
Ex-presidente da República e ex-governador do Maranhão, Sarney vai ocupar a presidência do Senado pela quarta vez–as anteriores foram em 1995, 2003 e 2009. Depois de responder a uma série de denúncias nos últimos dois anos que levaram à maior crise ética da história do Senado, o peemedebista obteve vitória folgada.
Sarney recebeu 70 votos, contra 8 do adversário Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) –estreante no Senado e que lançou candidatura de protesto contra Sarney. Dois senadores votaram em branco e um anulou o voto.
Político mais antigo em exercício no Congresso, Sarney recebeu o apoio maciço dos partidos governistas e da oposição, com exceção do PSOL. Ao longo dos últimos dois meses, o PMDB costurou o apoio a Sarney com o apoio do governo federal, na dobradinha PT-PMDB que marcou a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República.
Sarney só assumiu oficialmente que entraria na disputa na semana passada, depois de negar por inúmeras vezes que seria candidato.
No primeiro discurso após reeleito, reiterou que vai fazer um “sacrifício” ao ficar no cargo por mais dois anos. “Só a paixão da vida pública me afasta do meu bem-estar social. Avalio a dimensão do sacrifício pessoal que estou fazendo”, declarou.
Emocionado, Sarney chegou às lágrimas ao afirmar que este será seu último mandato no Legislativo, onde chegou em 1955.
Em 2009, Sarney respondeu a 11 pedidos de cassação de seu mandato no Conselho de Ética do Senado no escândalo conhecido como o dos “atos secretos”– em que a Casa omitiu atos tomados pelo seu comando.
Sem mencionar o escândalo, disse que sua “honrabilidade e conduta pessoal” jamais foram questionadas. “A ética para mim não tem sido só palavras, mas exemplo de vida inteira”, afirmou.
Ontem tomaram posse 54 senadores eleitos em outubro. A Casa tem 81 membros e a maior bancada é do PMDB com 20 seguida pelo PT, com 15. PSDB e DEM, partidos da oposição, têm 16 senadores cada um.
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