Nataly Costa
Uma pane no sistema de transmissão de dados entre a Polícia Federal (PF) e a Casa da Moeda do Brasil impediu ontem, pelo terceiro dia consecutivo, o agendamento e a entrega de passaportes em todo o País. Nenhum dos dois órgãos tem previsão de quando o processamento voltará ao normal. A Casa da Moeda é quem recebe os dados e confecciona todos os passaportes solicitados pela PF.
No Brasil, 6 mil agendamentos e o mesmo número de entregas são feitos diariamente. Multiplicado pelos três dias, essas 12 mil solicitações diárias representam pelo menos 36 mil pessoas prejudicadas. Só em São Paulo são mil por dia; no Rio, varia entre 300 e 400.
Até ontem, a PF afirmava tratar-se apenas de uma falha no agendamento de datas para solicitação de passaportes. O problema deveria ter sido resolvido até as 18 horas de anteontem, segundo prazo dado pela própria PF, mas apenas no fim da noite conseguiram identificar a causa da instabilidade no sistema. Agora, constatado um “defeito técnico de relevante gravidade”, o prazo foi estendido por tempo indeterminado.
Segundo nota emitida pelo órgão no fim da noite de anteontem, a pane foi causada durante a migração do banco de informações para um novo servidor – um dos arquivos do computador estava corrompido e os dados de emissão de passaportes não puderam mais ser lidos. Agora, técnicos trabalham na recuperação desses dados – que, segundo a Assessoria de Imprensa da PF, não estão perdidos.
A recomendação da PF é para que as operações prossigam “em modo offline”, ou seja, que o atendimento seja feito manualmente em todos os postos do País. Mas isso é quase impossível em unidades como a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, na qual cerca de 700 pessoas por dia dão entrada para novos passaportes. A entrega dos documentos só está garantida em casos de emergência, que deve ser devidamente comprovada pelo requerente.
Modernização. O sistema de agendamento de passaportes via internet só foi implementado no Brasil em agosto de 2007 – antes, era preciso ir pessoalmente até um posto da polícia pegar uma senha para ser atendido em uma outra data. O formulário, hoje eletrônico, era vendido em papelarias.
No início de 2008, seis meses depois de inaugurado o novo sistema, ele ficou fora do ar por três dias por causa de uma substituição da empresa responsável pelo serviço – e demorou mais de um mês para voltar ao ritmo de agendamento normal. Na época, a PF previa que o número de atendimentos diários chegaria a 1.900, o que não aconteceu.
Em julho deste ano, uma nova troca de sistemas reduziu a capacidade de agendamentos em São Paulo de 1,5 mil para mil por dia.
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