Servidores cobram compromissos de 2008 e prometem para hoje muitas manifestações
Letícia Nobre
Os servidores públicos federais prometem não baixar a guarda diante das declarações do presidente Lula. Na segunda-feira, o chefe do Executivo informou que não há qualquer previsão de reajustes salariais em 2010 além dos acordados há dois anos, quando 40 carreiras tiveram aumentos nos contracheques. O recado, dado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, teve efeito contrário: os servidores pretendem intensificar as mobilizações nas categorias paralisadas e em negociações.
“Não é correto parar as conversas. Elas são reflexo do que fechamos em 2008 e foram empurradas com a barriga até hoje”, disse Josemilton Costa, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). “Não estamos pedindo aumento, pedimos o que já estava acertado”, completou Costa.
De acordo com a Condsef, funcionários de seis categorias estão com os braços cruzados: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inpe), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e a carreira do Meio Ambiente, que inclui servidores do Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes, Ibama e Serviço Florestal Brasileiro. Na maioria dos casos, a discussão está focada em reestruturações dos planos de carreiras. “O recado dado por Lula não nos atinge. Ele está mal informado. Esqueceram de contar para ele que arrumar nossa carreira faz parte do que foi combinado em 2008”, frisou Jonas Moraes Corrêa, presidente da Asibama, associação que representa a maioria dos servidores da carreira de Meio Ambiente.
Ameaça
Outros órgãos estão com negociações em andamento e não descartam parar: Advocacia-Geral da União (AGU), ministérios da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Fazenda e a Polícia Federal. “Concordamos que não se deve onerar a folha. Não é o que queremos. Pedimos é que sejam corrigidos erros”, explicou Cláudio Avelar, presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sindipol-DF). A categoria que Avelar representa reivindica aumento salarial equivalente ao de outras carreiras de Estado, manutenção da aposentadoria especial e participação na elaboração da lei orgânica da instituição. “Se estivesse tudo em ordem, não existiriam tantas manifestações. “É um problema provocado no governo Lula e tem que ser resolvido ainda no governo Lula.”
Hoje, o dia será de manifestações. O julgamento da legalidade da paralisação dos analistas e dos técnicos do meio ambiente, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), às 14h, será acompanhado por grevistas de outras áreas. Pela manhã, os policiais federais se reúnem em frente ao edifício-sede e podem parar por 48 horas.
“O recado dado por Lula não nos atinge. Ele está mal informado. Esqueceram de contar para ele que arrumar nossa carreira faz parte do que foi combinado em 2008” Jonas Moraes Corrêa, presidente da Asibama
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