Fonte: Agência Fenapef
A nova diretoria da Federação Nacional dos Policiais Federais é empossada no pior momento da história da Polícia Federal, mas acredita que a reformulação estratégica da atuação sindical será o principal mecanismo para a reconstrução de uma agenda política mais eficiente, e o resgate da grande base de ótimos profissionais desprestigiados pela gestão do órgão.
Atualmente a prioridade máxima e unânime entre os novos diretores é adequar a faixa salarial das categorias de agente, escrivão e papiloscopista às demais carreiras típicas de Estado de nível superior. É uma necessidade emergencial já detectada pelo próprio DPF, que assiste a uma evasão recorde de profissionais, sintomas que demonstram a desmotivação dos servidores e a desvalorização da própria instituição.
Nos anos anteriores, em oficinas realizadas no âmbito do MPOG, seus analistas especializados em carreiras públicas admitiram que os cargos de agente, escrivão e papiloscopista possuem natureza de nível superior, exercem há muito tempo um rol extenso de atribuições complexas e foram desvalorizados em relação aos subsídios das demais carreiras típicas.
Então qual o motivo de tanta dificuldade nas mesas de negociação? Infelizmente existe uma resposta: nos últimos anos as entidades representativas dos delegados criaram um mecanismo absurdo chamado “trava salarial”, que tornou o subsídio inicial do cargo de delegado um marco proibitivo dos subsídios dos demais cargos policiais.
Essa falácia chamada “trava salarial” considera impossível o desenvolvimento profissional dos demais cargos, que devem permanecer estagnados por toda a eternidade. Também possui um discurso de superioridade natural, e cria um cômodo e automático mecanismo de reajuste para cargos que se beneficiam das mobilizações salariais daqueles que são prejudicados.
É unânime entre pessoas não contaminadas pelo caos organizacional da PF que essa “trava” é uma idiotice sem amparo legal. Mas como ela consegue surtir efeito? Simples. Entidades de delegados pressionam a gestão da PF, hoje monopolizada por este único cargo, que então pressiona o Ministério da Justiça. E é encampada uma estratégia política que prejudica as famílias de milhares de policiais federais.
Interessante que o discurso falacioso que justifica a tal “trava salarial” é a suposta insubordinação entre cargos. Mas como explicar que antigamente os cargos de agente, escrivão e papiloscopista, nas suas últimas classes, ganhavam mais do que o delegado e perito em início de carreira? E ironicamente não existia tanto conflito interno como agora.
Será que não é justamente essa desigualdade que cria uma tensão e favorece a falta de harmonia entre cargos? Será que os delegados em todo o país querem que os demais policiais e suas famílias tenham uma qualidade de vida significativamente menor que as suas? A quem interessa promover a desigualdade entre colegas de profissão?
E num momento tão crítico, é essencial que policiais experientes estejam à frente das entidades representativas. Servidores que ajudaram a construir o órgão trazem a experiência que representa a essência do verdadeiro policial, acostumado a trabalhar em espirito de equipe com colegas dos outros cargos.
Sim, existe esperança e espaço para todos. É com esse sentimento que a nova diretoria assume a Fenapef e firma um compromisso de trabalhar incansavelmente pela valorização dos seus filiados. E é essencial mostrar ao governo e à atual administração que a desonrosa segregação funcional patrocinada por poucos burocratas é a principal razão da maioria dos verdadeiros policiais hoje se sentirem desmotivados e renegados pela instituição.
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