SÃO PAULO – A paralisação de 24 horas dos funcionários da Polícia Federal está sendo marcada por tumultos nesta quarta-feira, 18, em todo o País. Em diversos Estados, os policiais estão fazendo operação-padrão. A categoria exige o cumprimento do acordo com o governo de recomposição salarial dos servidores da PF. A expectativa do sindicato é de que a adesão à greve seja praticamente total. Pela manhã, a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, na zona oeste da capital paulista, cerca de 120 pessoas esperavam pela abertura dos portões, que deveria ter acontecido às 8 horas. Segundo a assessoria do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal, nem mesmo os serviços de urgência, como retirada de passaportes para viagens marcadas ou em caso de saúde, seriam atendidos. Apesar disso, os servidores continuavam emitindo passaportes apenas em casos de urgência. Há relatos de confusão em diversos postos da Polícia Federal. Em São Paulo, por exemplo, a secretária Mara Kulaif, de 55 anos, relatou que foi expulsa do local por um delegado depois de receber autorização de um funcionário para ser atendida, segundo informações da rádio Jovem PAN. Mara contou que apresentou um atestado médico e tem vôo marcado para quinta-feira, 19, para Barcelona, na Espanha. Após a confusão, ela falou que conseguiu retirar o passaporte. No entanto, garantiu que foi impedida de registrar queixa sobre o incidente com o delegado. De acordo com o próprio presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal no Estado de São Paulo, Amaury Portugal, a secretária de fato foi destratada e ofendida pelo delegado.
No Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista, os agentes da PF deram início à operação-padrão às 14h10, sendo que em cerca de 20 minutos uma fila de embarque de 200 pessoas já havia se formado. O sindicato da PF distribuía panfletos para passageiros Diego Guasques, o ex-BBB “Alemão”, que disse que iria “ler o panfleto e comentar assim que chegasse ao Rio”, seu destino. No panfleto, o sindicato explicava os motivos da paralisação desta quarta.
No Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, cerca de 250 pessoas estavam, por volta das 10 horas, na fila de embarque da ala internacional, segundo informações da Rádio CBN. Os policiais federais montaram operação-padrão por conta. Além disso, Cumbica tinha oito vôos atrasados e seis cancelados.
Os agentes, que normalmente não demoram mais do que um minuto para verificar passaportes e carteira de identidade dos passageiros disseram que vão seguir à risca todos os procedimentos e normas da atividade. Por isso, a estimativa é de que o tempo gasto por passageiro seja de 10 a 15 minutos. Passageiros irritados começaram a bater palmas e a gritar “refém” por conta da longa espera.
No Rio, os policiais federais também fizeram greve e prometiam para a partir das 13h30 operação-padrão no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, na zona norte, o que pode causar transtornos para os passageiros.
Em Alagoas, a greve da PF paralisou parte dos serviços, segundo informações do presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Alagoas (Sinpofal), Jorge Venerando. O presidente afirmou que a adesão à greve no Estado é total. “Apenas a custódia dos presos e o plantão foram mantidos, mas o atendimento ao público, para emissão de passaporte e outros serviços, foram suspensos.”
Os Policiais Federais de Pernambuco engrossaram o movimento nacional da categoria por aumento salarial. Nesta quarta, apenas 30% do efetivo manteve serviços considerados essenciais como custódia de presos, autuação em flagrante e fiscalização em portos e aeroportos. Grande parte dos grevistas iniciou o dia no pátio interno da sede da Polícia Federal, onde pretendiam ficar até à noite. Informada da paralisação, pouca gente foi até à PF.
Os policiais federais reivindicam reajuste salarial de 30%, estipulado em acordo firmado em fevereiro de 2006 pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o Grupo das Entidades Representativas de Classe da PF. Nesse documento, o governo se compromete a repor perdas salariais das carreiras por meio de reajuste de 60% dividido em duas parcelas de 30%. A primeira foi quitada em junho. A outra parcela deveria ter sido depositada em dezembro, mas não foi.
(Colaboraram Rodrigo Pereira, Ângela Lacerda e Bruno Lousada.)
Texto ampliado às 14h55 para acréscimo de informações.
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